PiTacO do PapO - 'Tom of Finland' (2017)
NOTA 9.0
Por Rogério Machado
Competindo na mostra Panorama do Cinema Mundial no Festival do Rio esse ano, 'Tom of Finland', chega sob a assinatura do diretor Dome Karukoski, que já tem trilhado um caminho promissor dentro do cinema Finlandês.
O nome 'Tom of Finland' fez, ao longo do último meio século, uma viagem inesperada: do fetichismo homossexual confidencial partilhado por uma comunidade minoritária ate o reconhecimento global como artista de corpo inteiro e bandeira da comunidade LGBTQ (lésbica, gay, bissexual, transsexual e queer). Mas é sobre a figura por trás do nome artÃstico que o filme se constrói.
A cinebiografia trata da história de um dos maiores artistas homossexuais do século XX, Touko Laaksonen (Pekka Strang), mais conhecido como Tom of Finland. Ele não conseguia viver em paz dentro de sua casa, tendo que esconder seus segredos pessoais, mesmo depois do trauma de ter ido para a Segunda Guerra Mundial. Em meio toda a repressão e o caos, Touko decide então se expressar através da arte também feita para homossexuais.
A chamada pop art de Laaksonen até hoje fomenta e inspira o imaginário gay, e muito dos traços fortes e até explÃcitos do artista vem desse universo por trás dele: um ambiente hostil, que transpira testosterona e machismo. O tom sisudo e cinza da guerra também se enconde em suas linhas artÃsticas, o que se transfigura em força e autenticidade. Atributos esses muito bem captados pelas lentes de Karukoski não só através da arte de Laaksonen mas também pelo desenrolar de sua vida, desde o medo que fazia ele e milhares de oficiais a se esconderem numa floresta durante a guerra para procurar parceiros, até seu reconhecimento como artista muitos anos depois na ensolarada Califórnia dos anos 70.
Apesar do primeiro ato se construir de maneira dramática, a longa se estabelece mesmo com muita irreverência: essa atitude bem humorada e sensual - muito bem reproduzida pelo ator Pekka Strang - é o que os diretores queriam para o longa, e a principal ação foi lançar uma campanha de crowdfunding (a famosa 'vaquinha) para que o filme independente não sofresse com os 'ajustes populares' dos grandes estúdios.
Por fim, a epidemia da AIDS no inÃcio dos anos 80, que levou o artista a ser culpado por ilustrar o modo como viviam os gays e a incitar o sexo homossexual através de sua arte, não somente isso, levou os seguidores e apoiadores de seu trabalho a serem perseguidos como os verdadeiros responsáveis pela doença, que todos sabem, logo no inÃcio foi rotulada de 'doença de homossexual'. Engajado na causa, até neste momento ele se mostrou espirituoso em elevar sua obra à um outro nÃvel, tendo a expertise de reverter as acusações numa arte de cunho social e instrutivo.
Laaksonen não é somente um artista do nicho LGBT que se despontou como um Ãcone da arte em seu tempo, mas sobretudo, o nome dele representou a luta, que assim como na guerra, os gays tiveram e têm que travar de tempos em tempos.
Super Vale Ver !
DIREÇÃO
Dome Karukoski
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Aleksi Bardy , Dome Karukoski
ELENCO
Por Rogério Machado
Competindo na mostra Panorama do Cinema Mundial no Festival do Rio esse ano, 'Tom of Finland', chega sob a assinatura do diretor Dome Karukoski, que já tem trilhado um caminho promissor dentro do cinema Finlandês.
O nome 'Tom of Finland' fez, ao longo do último meio século, uma viagem inesperada: do fetichismo homossexual confidencial partilhado por uma comunidade minoritária ate o reconhecimento global como artista de corpo inteiro e bandeira da comunidade LGBTQ (lésbica, gay, bissexual, transsexual e queer). Mas é sobre a figura por trás do nome artÃstico que o filme se constrói.
A chamada pop art de Laaksonen até hoje fomenta e inspira o imaginário gay, e muito dos traços fortes e até explÃcitos do artista vem desse universo por trás dele: um ambiente hostil, que transpira testosterona e machismo. O tom sisudo e cinza da guerra também se enconde em suas linhas artÃsticas, o que se transfigura em força e autenticidade. Atributos esses muito bem captados pelas lentes de Karukoski não só através da arte de Laaksonen mas também pelo desenrolar de sua vida, desde o medo que fazia ele e milhares de oficiais a se esconderem numa floresta durante a guerra para procurar parceiros, até seu reconhecimento como artista muitos anos depois na ensolarada Califórnia dos anos 70.
Apesar do primeiro ato se construir de maneira dramática, a longa se estabelece mesmo com muita irreverência: essa atitude bem humorada e sensual - muito bem reproduzida pelo ator Pekka Strang - é o que os diretores queriam para o longa, e a principal ação foi lançar uma campanha de crowdfunding (a famosa 'vaquinha) para que o filme independente não sofresse com os 'ajustes populares' dos grandes estúdios.
Por fim, a epidemia da AIDS no inÃcio dos anos 80, que levou o artista a ser culpado por ilustrar o modo como viviam os gays e a incitar o sexo homossexual através de sua arte, não somente isso, levou os seguidores e apoiadores de seu trabalho a serem perseguidos como os verdadeiros responsáveis pela doença, que todos sabem, logo no inÃcio foi rotulada de 'doença de homossexual'. Engajado na causa, até neste momento ele se mostrou espirituoso em elevar sua obra à um outro nÃvel, tendo a expertise de reverter as acusações numa arte de cunho social e instrutivo.
Laaksonen não é somente um artista do nicho LGBT que se despontou como um Ãcone da arte em seu tempo, mas sobretudo, o nome dele representou a luta, que assim como na guerra, os gays tiveram e têm que travar de tempos em tempos.
Super Vale Ver !
DIREÇÃO
EQUIPE TÉCNICA
Produção: Aleksi Bardy,Gunnar Carlsson
Fotografia: Lasse Frank
Estúdio: Helsinki-filmi
Distribuidora: Protagonist Pictures
ELENCO
Jakob Oftebro, Werner Daehn, Pekka Strang, Þorsteinn Bachmann, Lauri Tilkanen , Jimmy Shaw, Taisto Oksanen, Troy T. Scott, Jessica Grabowsky, Kari Hietalahti, Seumas F. Sargent, Leif Edlund, Jan Lindwall, Jan Böhme, Haymon Maria Buttinger, Siim Maaten
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