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PiTacO do PapO - 'A Vida em Espera' | 2017

NOTA 9.0

Por Rogério Machado



"O que é tão sagrado no casamento e na família que te obriga a viver isso dia após dia, sem importar o quão frustante essa vida pode ser?"

Essa e tantas outras interrogações vão surgir durante a projeção de 'A Vida em Espera', tanto para o próprio personagem central dessa história se convencer das ações drásticas tomadas repentinamente com respeito a sua família, como também, penso eu,  para confrontar ou provocar reflexões ao público. Esse drama existencial ainda sem previsão de estreia oficial no Brasil, vai conquistar principalmente quem não for afoito e entender a proposta da diretora e roteirista Robin Swicord.



Na história, Bryan Cranston é Howard Wakefield, um cara que tem uma vida de luxo, com um carro importado na garagem e uma casa dos sonhos. No entanto, seu casamento com Diana (Jennifer Garner) passa por uma fase turbulenta, com constantes crises de ciúmes por parte do homem. A solução encontrada por Howard para enfrentar essa crise é bastante peculiar: ele simplesmente abandona sua casa, sua família e seus pertences para viver em um sótão com vista para sua casa. A partir dali ele espia a rotina de Diana, e nota como a vida dela se desenrola sem sua presença.


Howard, podia ter mil e um motivos para tomar essa atitude com relação à ele próprio, seu relacionamento, sua vida num todo. Mas em dado momento, fica claro que tanto o ciúme, como a carência ou necessidade de ser sempre o centro de tudo foi decisivo para tal resolução. O mais interessante é que essa mudança no agir e na consciência do personagem não veio pensadamente, tudo aconteceu quase que de maneira natural, sem premeditações. Com o passar do tempo, ele pôde sentir que mesmo sendo espectador de sua própria vida, ele também tinha um certo domínio sobre o que acontecia em seu casamento e na 'sua vida' lá fora, mesmo estando ausente dela. Enfim, tantas poderiam ser as teorias com respeito à Howard, que passam também por egoísmo e até altas doses de vitimização. 

O formidável Bryan Cranston (que depois de 'Breaking Bad' ganhou a minha e a atenção de todos) se torna o grande diferencial para que o recado seja dado de maneira eficiente - a entrega do ator é notada nas mais sutis expressões; considero Cranston , um dos melhores atores de sua geração em atividade: multifacetado, o ator veste bem todo personagem, e mais uma vez ele me surpreende nessa veia dramática, com momentos contemplativos e melancólicos. Somado à isso, do outro lado, a sempre ótima Jennifer Garner, tem um papel ainda mais difícil, com poucas falas, ela transparece todo talento pelos diversos semblantes e intenções dos diálogos que não são ouvidos pelo público (assistindo você irá entender o que quero dizer). 

Baseado em um conto do escritor E.L. Doctorow, 'Wakefield' (no original) certamente não será um filme para todo público, mas será aquele tipo de obra que quando os créditos subirem, fará com que aquele que se deu a oportunidade de assistir, seja surpreendido e se pegue divagando sobre tudo o que viu e sobre as respostas , ou ausência delas, já que a proposta da direção pareceu deixar tal tarefa para o público.



Super Vale Ver ! 



DIREÇÃO
Robin Swicord

EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Robin Swicord
Produção: Bonnie Curtis, Wendy Federman, Julie Lynn, Carl Moellenberg
Fotografia: Andrei Bowden-Schwartz
Estúdio: Mockingbird Pictures
Montador: Matt Maddox
Distribuidora: IFC Films

ELENCO
Bryan Cranston, Jennifer Garner,Alexander Zale, Angela Taylor-Jones, Ellery Sprayberry, Frederick Keeve, Hal Dion, Jason O'Mara







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