PiTacO do PapO - 'The Cloverfield Paradox' | 2018
NOTA 8.5
A exploração da deriva fÃsica e emocional
Por VinÃcius Martins @cinemarcante
Surpresa. Não existe palavra que melhor defina 'The Cloverfield Paradox’ do que essa; surpresa. Há meses se escuta falar sobre a produção do terceiro longa apocalÃptico produzido por J. J. Abrams, e recentemente chegou até a ser noticiado na imprensa que o longa estaria passando por problemas na produção e que, por conta disso, seria adiado de Abril (mês em que era previsto seu lançamento nos cinemas) para Setembro. E mais uma vez a produtora Bad Robot pega o mundo de surpresa, como fez com ‘Rua Cloverfield, 10’, ao anunciar em cima da hora o lançamento de seu novo filme. Se antes eles anunciaram o segundo filme com algumas semanas de antecedência, o terceiro agora foi anunciado literalmente da noite para o dia. E o melhor: direto na Netflix, no conforto e comodidade das casas dos espectadores e fãs dessa exposição surrealista do caos.
Cloverfield mostrou ser maior do que si mesmo. Um filme “simples”, sem muito alarde - sob o comando do agora aclamado diretor Matt Reeves, lançado dez anos atrás - hoje se torna um Ãcone da cultura pop/nerd ao se provar uma fatia de uma mitologia criada em um universo complexo e imponente, onde histórias que não se conectam diretamente são um conjunto de visões diferentes acerca de um mesmo evento.
Podemos afirmar que Cloverfield é uma franquia de gêneros, assim como a série Black Mirror (falando nisso, esse terceiro capÃtulo caberia perfeitamente como um episódio da série utópica distribuÃda também pelo streaming da Netflix). O primeiro longa é uma corrida contra o tempo, uma aventura de fuga em um projeto que foge do que estamos acostumados a ver no gênero de ação; um filme de monstros, mas essencialmente humano. O segundo filme é um suspense psicológico, tenso e calculista, explorando a sÃntese do que define a monstruosidade no conceito mais cru da palavra, dentro e fora do bunker onde sua trama se desenvolve. E a nova produção deste ano ousa e vai mais além, com a intenção de justificar as bizarrices apresentadas nos dois capÃtulos anteriores. ‘The Cloverfield Paradox’ é uma ficção cientÃfica com uma inclinação ao horror. Para esse filme, em especial, é inevitável a comparação com a franquia Alien, principalmente os longas ‘O Oitavo Passageiro’ e ‘A Ressurreição’, em cenas icônicas que se refazem com o avançar da história.
Pode parecer enfático citar novamente a questão dos gêneros, e de fato é; mas é preciso comentar o gênero principal que rege os três filmes lançados até agora: Drama. Cada um dos roteiros trata o drama da perda de uma maneira particular (e não é um trocadilho com o Acelerador de PartÃculas). Há sempre a perda, seja de pessoas amadas, da liberdade ou do mundo inteiro. O confinamento é visto e revisto de ângulos múltiplos, criando uma esfera invisÃvel que coloca os protagonistas no dilema de “aqui dentro estamos presos, mas lá fora também estaremos”. É assim que os roteiros se relacionam com a fuga de Nova York, com a prisão no bunker e com a estação espacial; estamos presos, mas ao sairmos daqui não teremos para onde ir. O desastre é num nÃvel global, de modo que nenhum lugar é seguro. E agora, com o “paradoxo”, a Terra simplesmente some e os cientistas têm a mesma questão para lidar: queremos sair daqui, mas para onde iremos agora?
Não dá para falar muito sobre esse filme sem entregar spoilers sobre seu enredo, então resumo minha opinião sobre ele em uma única palavra: fantástico. Apesar de ter poucos elementos originais, o novo filho da Netflix se faz um mix bem elaborado de tensão e mistério que proporciona ao espectador uma bela fração da angústia vivida pelos integrantes da nave “salvação da humanidade”. E dessa mistura toda, sai um entretenimento muito prazeroso de ver.
Vale Ver !
A exploração da deriva fÃsica e emocional
Por VinÃcius Martins @cinemarcante
Surpresa. Não existe palavra que melhor defina 'The Cloverfield Paradox’ do que essa; surpresa. Há meses se escuta falar sobre a produção do terceiro longa apocalÃptico produzido por J. J. Abrams, e recentemente chegou até a ser noticiado na imprensa que o longa estaria passando por problemas na produção e que, por conta disso, seria adiado de Abril (mês em que era previsto seu lançamento nos cinemas) para Setembro. E mais uma vez a produtora Bad Robot pega o mundo de surpresa, como fez com ‘Rua Cloverfield, 10’, ao anunciar em cima da hora o lançamento de seu novo filme. Se antes eles anunciaram o segundo filme com algumas semanas de antecedência, o terceiro agora foi anunciado literalmente da noite para o dia. E o melhor: direto na Netflix, no conforto e comodidade das casas dos espectadores e fãs dessa exposição surrealista do caos.
Cloverfield mostrou ser maior do que si mesmo. Um filme “simples”, sem muito alarde - sob o comando do agora aclamado diretor Matt Reeves, lançado dez anos atrás - hoje se torna um Ãcone da cultura pop/nerd ao se provar uma fatia de uma mitologia criada em um universo complexo e imponente, onde histórias que não se conectam diretamente são um conjunto de visões diferentes acerca de um mesmo evento.
Podemos afirmar que Cloverfield é uma franquia de gêneros, assim como a série Black Mirror (falando nisso, esse terceiro capÃtulo caberia perfeitamente como um episódio da série utópica distribuÃda também pelo streaming da Netflix). O primeiro longa é uma corrida contra o tempo, uma aventura de fuga em um projeto que foge do que estamos acostumados a ver no gênero de ação; um filme de monstros, mas essencialmente humano. O segundo filme é um suspense psicológico, tenso e calculista, explorando a sÃntese do que define a monstruosidade no conceito mais cru da palavra, dentro e fora do bunker onde sua trama se desenvolve. E a nova produção deste ano ousa e vai mais além, com a intenção de justificar as bizarrices apresentadas nos dois capÃtulos anteriores. ‘The Cloverfield Paradox’ é uma ficção cientÃfica com uma inclinação ao horror. Para esse filme, em especial, é inevitável a comparação com a franquia Alien, principalmente os longas ‘O Oitavo Passageiro’ e ‘A Ressurreição’, em cenas icônicas que se refazem com o avançar da história.
Pode parecer enfático citar novamente a questão dos gêneros, e de fato é; mas é preciso comentar o gênero principal que rege os três filmes lançados até agora: Drama. Cada um dos roteiros trata o drama da perda de uma maneira particular (e não é um trocadilho com o Acelerador de PartÃculas). Há sempre a perda, seja de pessoas amadas, da liberdade ou do mundo inteiro. O confinamento é visto e revisto de ângulos múltiplos, criando uma esfera invisÃvel que coloca os protagonistas no dilema de “aqui dentro estamos presos, mas lá fora também estaremos”. É assim que os roteiros se relacionam com a fuga de Nova York, com a prisão no bunker e com a estação espacial; estamos presos, mas ao sairmos daqui não teremos para onde ir. O desastre é num nÃvel global, de modo que nenhum lugar é seguro. E agora, com o “paradoxo”, a Terra simplesmente some e os cientistas têm a mesma questão para lidar: queremos sair daqui, mas para onde iremos agora?
Não dá para falar muito sobre esse filme sem entregar spoilers sobre seu enredo, então resumo minha opinião sobre ele em uma única palavra: fantástico. Apesar de ter poucos elementos originais, o novo filho da Netflix se faz um mix bem elaborado de tensão e mistério que proporciona ao espectador uma bela fração da angústia vivida pelos integrantes da nave “salvação da humanidade”. E dessa mistura toda, sai um entretenimento muito prazeroso de ver.
Vale Ver !
DIREÇÃO
- Julius Onah
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Oren Uziel, Doug Jung
Produção: J.J. Abrams, Lindsey Weber
Fotografia: Dan Mindel
Música: Bear McCreary
Música: Bear McCreary
Estúdio: Netflix
Montador: Alan Baumgarten, Matt Evans, Rebecca Valente
ELENCO
Gugu Mbatha-Raw, David Oyelowo, Daniel Brühl, John Ortiz ,Chris O'Dowd, Aksel Hennie,Ziyi Zhang,Elizabeth Debicki, Roger Davies,Clover Nee, Jordan Rivera, Michael Stokes III, Celeste Clark, Nathan Oliver, Donal Logue, Suzanne Cryer, Ken Olin, Simon Pegg, Greg Grunberg
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