PiTacO do PapO - 'Três Anúncios Para Um Crime' | 2018
NOTA 10
Por Rogério Machado
Esta é a história de uma mulher simples do interior que passou por cima de tudo e todos para ver a justiça acontecer. Simples assim, porém grandiosa, forte e repleta de vigor e surpresas, como toda boa história deve ser. 'Três Anúncios Para um Crime', - contender mais provável a brigar de igual pra igual pelo Oscar de Melhor Filme com 'A Forma da Água' -, é um desses western modernos e sombrios tal qual como a Academia sempre costuma mostrar algum apreço: 'Os Imperdoáveis' (1992) e 'Onde os Fracos Não tem Vez' (2008) são alguns exemplos que não só foram indicados, como também saíram como grandes vencedores nos anos em que concorreram.
A trama se passa na pequena cidade de Ebbing, no Missouri, onde conheceremos Mildred Hayes (Frances McDormand), uma mulher que cria um filho sozinha e que segue a vida inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, que foi estuprada enquanto agonizava nos últimos instantes de vida. Numa de suas passagens por uma rodovia de pouco trânsito que circunda a cidade, ela tem uma ideia e decide chamar atenção para o caso não solucionado, alugando três outdoors que há muito tempo já não eram usados. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), responsável pela investigação.
Escrito e dirigido por Martin McDonagh, o filme tem sua fortaleza centrada especialmente no roteiro: o texto é tão violento quanto a ação, que não cede à um cinema de facilidades e não oferece respostas rápidas. Por ser construído de forma tão densa e cruel, a imersão já acontece desde os primeiros minutos, se aprofunda a cada frame, e quando o desfecho se aproxima, já estamos totalmente tomados por essa saga de disseminação de ódio. A boa e velha máxima do aqui se faz aqui se paga, é uma constante entre uma ação e outra, e essa mensagem se faz latente até através de personagens secundários na trama, que é o caso de Charlie (John Hawkes) ou Red Welby (Caleb Landry Jones), ora como vítima, ora como algoz.
Essa jornada de violência crua, por mais kamicaze que possa parecer, é amparada às vezes com mansidão e pequenas demonstrações de carinho até entre personagens que divergem entre si, isso denota a grande compaixão e humanidade presentes em cada um, e que essa ciranda de raiva, era motivada quase que involuntariamente para defender posições e claro, honra. O longa de McDonagh é, controversamente, uma viagem desoladora e brilhante pelo interior de um homem, do mais vil e dissimulado dos sentimentos até o mais benevolente e altruísta. É quando o melhor e pior do ser humano se colidem, e o resultado é uma crônica ousada sobre perder e ganhar.
Para finalizar, não dá pra não comentar que, além do roteiro, o filme cresce também pelas fantásticas performances de Mcdormand e Harrelson, e ainda Sam Rockwell, que vive Jason Dixon, o policial racista e com nuances de anti herói, que rouba a cena e cresce ao avançar da narrativa - tanto êxito, acabou lhe rendendo indicações ao Oscar e a outros prêmios importantes, tendo abocanhado todos por onde passou. 'Três Anúncios Para um Crime' estreia hoje nos cinemas brasileiros e merece reverência de cinéfilos e não cinéfilos.
Super Vale Ver !
Por Rogério Machado
Esta é a história de uma mulher simples do interior que passou por cima de tudo e todos para ver a justiça acontecer. Simples assim, porém grandiosa, forte e repleta de vigor e surpresas, como toda boa história deve ser. 'Três Anúncios Para um Crime', - contender mais provável a brigar de igual pra igual pelo Oscar de Melhor Filme com 'A Forma da Água' -, é um desses western modernos e sombrios tal qual como a Academia sempre costuma mostrar algum apreço: 'Os Imperdoáveis' (1992) e 'Onde os Fracos Não tem Vez' (2008) são alguns exemplos que não só foram indicados, como também saíram como grandes vencedores nos anos em que concorreram.
A trama se passa na pequena cidade de Ebbing, no Missouri, onde conheceremos Mildred Hayes (Frances McDormand), uma mulher que cria um filho sozinha e que segue a vida inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, que foi estuprada enquanto agonizava nos últimos instantes de vida. Numa de suas passagens por uma rodovia de pouco trânsito que circunda a cidade, ela tem uma ideia e decide chamar atenção para o caso não solucionado, alugando três outdoors que há muito tempo já não eram usados. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), responsável pela investigação.
Escrito e dirigido por Martin McDonagh, o filme tem sua fortaleza centrada especialmente no roteiro: o texto é tão violento quanto a ação, que não cede à um cinema de facilidades e não oferece respostas rápidas. Por ser construído de forma tão densa e cruel, a imersão já acontece desde os primeiros minutos, se aprofunda a cada frame, e quando o desfecho se aproxima, já estamos totalmente tomados por essa saga de disseminação de ódio. A boa e velha máxima do aqui se faz aqui se paga, é uma constante entre uma ação e outra, e essa mensagem se faz latente até através de personagens secundários na trama, que é o caso de Charlie (John Hawkes) ou Red Welby (Caleb Landry Jones), ora como vítima, ora como algoz.
Essa jornada de violência crua, por mais kamicaze que possa parecer, é amparada às vezes com mansidão e pequenas demonstrações de carinho até entre personagens que divergem entre si, isso denota a grande compaixão e humanidade presentes em cada um, e que essa ciranda de raiva, era motivada quase que involuntariamente para defender posições e claro, honra. O longa de McDonagh é, controversamente, uma viagem desoladora e brilhante pelo interior de um homem, do mais vil e dissimulado dos sentimentos até o mais benevolente e altruísta. É quando o melhor e pior do ser humano se colidem, e o resultado é uma crônica ousada sobre perder e ganhar.
Para finalizar, não dá pra não comentar que, além do roteiro, o filme cresce também pelas fantásticas performances de Mcdormand e Harrelson, e ainda Sam Rockwell, que vive Jason Dixon, o policial racista e com nuances de anti herói, que rouba a cena e cresce ao avançar da narrativa - tanto êxito, acabou lhe rendendo indicações ao Oscar e a outros prêmios importantes, tendo abocanhado todos por onde passou. 'Três Anúncios Para um Crime' estreia hoje nos cinemas brasileiros e merece reverência de cinéfilos e não cinéfilos.
Super Vale Ver !
DIREÇÃO
- Martin McDonagh
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Martin McDonagh
Produção: Graham Broadbent, Martin McDonagh, Peter Czernin
Fotografia: Ben Davis
Trilha Sonora: Carter Burwell
Estúdio: Blueprint Pictures
Montador: John Gregory
Distribuidora: Fox Film do Brasil
ELENCO
Abbie Cornish, Alejandro Barrios, Allyssa Barley, Amanda Warren, Brendan Sexton III, Caleb Landry Jones, Christopher Berry, Clarke Peters, Darrell Britt-Gibson, Eleanor T. Threatt, Frances McDormand, Gregory Nassif St. John, Jason Redford, Jerry Winsett, John Hawkes, Kathryn Newton, Kerry Condon, Lucas Hedges, Malaya Rivera Drew, Michael Aaron Milligan, Peter Dinklage, Riya May Atwood, Sam Rockwell, Samara Weaving, Sandy Martin, Selah Atwood, William J. Harrison, Woody Harrelson, Zeljko Ivanek
Deixe seu Comentário: