PiTacO do PapO - 'Quando o Galo Cantar Pela Terceira Vez Renegarás Tua Mãe' | 2017
NOTA 8.0
Por Rogério Machado
É inevitável, logo no título, não perceber a relação com a passagem bíblica da Negação de Pedro, episódio no qual ele negou por três vezes, antes de cantar o galo, conhecer Jesus, descrito em todos os quatro Evangelhos do Novo Testamento. É bem possível que o roteirista e diretor estreante Aaron Salles Torres (assistente de direção do programa 'Vai Que Cola' do Multishow) , tenha tirado daí a referência para o nome e proposta de sua obra, mas logo no subir dos primeiros créditos descobrimos que o longa é livremente inspirado na frase de Clarice Lispector e “nos vizinhos de fundo”.
O suspense nos apresenta Inácio (Fernando Alves Pinto), um esquizofrênico funcional, que é porteiro no Ed São Pedro, na Zona Sul carioca, e sua mãe, Zaira (Catarina Abdalla). Inácio passa a ser o alicerce da família depois que seu pai, Guilherme (Tião Ribas D'Avila), adoece e precisa sair do emprego como zelador, sem conseguir sustentar a casa. A situação piora quando Inácio fica obcecado por um dos moradores, Antônio (Lucas Malvacini) e em seguida , por um incidente no meio da rua entre mãe e filho, fazendo com que a relação entre eles fique insustentável.
A narrativa busca a metáfora a fim de exteriorizar a psicopatia que ronda os personagens. Suas loucuras, suas culpas e seus ressentimentos desencadeiam a agressividade intolerante das ações, reações e dos comportamentos perante a sociedade. Nós somos aprisionados no universo claustrofóbico, escuro, sombrio, “fracassado” desse personagens que ora disfarçam, ora expõem até demais seus desejos mais obscuros: como as maldições de morte de Zaira para o marido moribundo ou ainda os desejos de Inácio, que vive pelos cantos observando e cheirando as cuecas do morador mais sexy do prédio. Catarina Abdalla e Fernando Alves Pintos estão impressionantes em cena, ouso dizer que ambos nunca haviam encarado papéis tão desafiadores.
O longa de Salles Torres estreou em pouquíssimas salas, não teve com toda certeza grande público, e não vai bombar nas plataformas on demand. Uma pena! Poucas vezes veremos traços tão densos e sombrios com extrema identidade e originalidade dentro do cinema nacional.
Vale Ver !
Por Rogério Machado
É inevitável, logo no título, não perceber a relação com a passagem bíblica da Negação de Pedro, episódio no qual ele negou por três vezes, antes de cantar o galo, conhecer Jesus, descrito em todos os quatro Evangelhos do Novo Testamento. É bem possível que o roteirista e diretor estreante Aaron Salles Torres (assistente de direção do programa 'Vai Que Cola' do Multishow) , tenha tirado daí a referência para o nome e proposta de sua obra, mas logo no subir dos primeiros créditos descobrimos que o longa é livremente inspirado na frase de Clarice Lispector e “nos vizinhos de fundo”.
O suspense nos apresenta Inácio (Fernando Alves Pinto), um esquizofrênico funcional, que é porteiro no Ed São Pedro, na Zona Sul carioca, e sua mãe, Zaira (Catarina Abdalla). Inácio passa a ser o alicerce da família depois que seu pai, Guilherme (Tião Ribas D'Avila), adoece e precisa sair do emprego como zelador, sem conseguir sustentar a casa. A situação piora quando Inácio fica obcecado por um dos moradores, Antônio (Lucas Malvacini) e em seguida , por um incidente no meio da rua entre mãe e filho, fazendo com que a relação entre eles fique insustentável.
A narrativa busca a metáfora a fim de exteriorizar a psicopatia que ronda os personagens. Suas loucuras, suas culpas e seus ressentimentos desencadeiam a agressividade intolerante das ações, reações e dos comportamentos perante a sociedade. Nós somos aprisionados no universo claustrofóbico, escuro, sombrio, “fracassado” desse personagens que ora disfarçam, ora expõem até demais seus desejos mais obscuros: como as maldições de morte de Zaira para o marido moribundo ou ainda os desejos de Inácio, que vive pelos cantos observando e cheirando as cuecas do morador mais sexy do prédio. Catarina Abdalla e Fernando Alves Pintos estão impressionantes em cena, ouso dizer que ambos nunca haviam encarado papéis tão desafiadores.
O longa de Salles Torres estreou em pouquíssimas salas, não teve com toda certeza grande público, e não vai bombar nas plataformas on demand. Uma pena! Poucas vezes veremos traços tão densos e sombrios com extrema identidade e originalidade dentro do cinema nacional.
Vale Ver !
DIREÇÃO
- Aaron Salles Torres
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Aaron Salles Torres
Produção: Aaron Salles Torres, Valeria Costa Amorim
Fotografia: Flavio Borges, Leo Vasconcellos
Montador: Paulo Varella, Rená Tardin
Distribuidora: Elo Company
ELENCO
Alice Morena, Catarina Abdalla, Fernando Alves Pinto, Karine Teles, Lucas Malvacini, Marcelo Mello, Robson Santos, Silvana Stein, Silvio Guindane, Thiago Ristow, Tiago D'Avila
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