Adsense Cabeçalho

PiTacO do PapO - 'Tomb Raider - A Origem' | 2018

NOTA 7.0


Um filme de 2018 que ficará em 2018

Por Vinícius Martins @cinemarcante



Há modas e tendências no cinema. Nos últimos dez anos houve a moda dos vampiros, que (graças a Deus) já se foi, dando lugar à nova moda do momento: distopias e conspirações sobre o fim do mundo. E esse tema já está começando a ficar gasto, pois há uma sequente rotatividade natural dentro da indústria que se renova de tempos em tempos. Já a tendência que vem se mostrando de uns anos para cá,é o subtítulo usando a palavra “origem”. Tem os maquiados, tipo 'Ouija: Origem do Mal’ e 'Hannibal: A Origem do Mal’ (sim, o mesmo subtítulo, como prova de que falta criatividade ou gente diferente no mercado ao traduzir nomes de filmes para o português), e os que usam só “a origem” como complemento ao nome do filme. 'Tainá 3: A Origem’ (2009) e 'Planeta dos Macacos: A Origem’ (2011) são apenas alguns exemplos (tem outros mais recentes, mas agora não lembro quais são). A grosso modo, então, podemos constatar que 'Tomb Raider: A Origem’ é uma combinação perfeita da tendência do momento e da moda da vez no mercado cinematográfico, quase como se escolhesse seguir calculadamente uma fórmula de sucesso.


Acontece que, mesmo “seguindo o roteiro” dos filmes de sucesso dessa geração, o novo filme da personagem de videogames Lara Croft passa longe de ser notável. Em alguns momentos lembra o sucesso 'Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida’, clássico de Steven Spielberg de 1981, mas é uma impressão que logo se dissipa. O que permanece desde o final do primeiro ato (que é a melhor parte do filme) é a sensação de que os exageros e desgraças recorrentes na jornada de Lara são excessivos até para o filme dentro de si mesmo. Há, inclusive, uma fala da protagonista que, na expressão tórrida e indagada da atriz Alicia Vikander, pareceu quase um clamor pelo perdão do público: “É sério isso?”, disse Lara, após escapar da morte pela quarta vez consecutiva em menos de dois minutos.

A produção tem uma proposta diferente da versão anterior, onde Angelina Jolie era mais um objeto de cena do que uma heroína propriamente dita, extremamente sexualizada em um filme que tem algumas cenas que são bem vergonha alheia. No longa de 2018 a mocinha tem ares mais inocentes, usando mais seus talentos e inteligência do que o corpo para conseguir “passar as fases do jogo”. No entanto, em uma era onde o feminismo chegou aos cinemas criando personagens fortes em um volume consideravelmente grande, dificilmente sobrará algum espaço para a Lara Croft de Vikander no território já dominado por Daisy Ridley com sua Rey, Jennifer Lawrence com sua jovem Katniss e sua pseudo-espiã Dominika, Charlize Theron Imperator Furiosa e sua loira atômica, e até mesmo Shailene Woodley com a mediana Tris e a okay Hazel Grace.


Fora da linha SexAppeal, Vikander dá ares jovens ao filme e o sustenta mesmo quando o vilão, que parece ter saído de um episódio de Scooby-Doo, entrega todo o seu plano maligno na primeira cena em que aparece. Algo que deve ser destacado é que esse é um raríssimo filme em que Dominic West não faz o papel do babaca, apesar de seu personagem instável não ter a misericórdia de um roteiro que o favorecesse.


O monstruoso “porém” do filme é que, apesar de ser uma bacana sessão da tarde e ser derivado de um material original, limita-se a parecer ser fruto da moda e da tendência e não do imaginário do mundo gamer. A produção é datada desde a primeira cena, literalmente, e duvido muito que emplaque em uma franquia. Esse é um filme de origem, como anuncia o título, mas que dificilmente será o primeiro de muitos.


Vale Ver !

DIREÇÃO

  • Roar Uthaug

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: Alastair Siddons, Geneva Robertson-Dworet
Produção: Gary Barber, Graham King
Fotografia: George Richmond
Trilha Sonora: Junkie XL
Estúdio: Eidos Interactive, GK Films, Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), Warner Bros.
Montador: Michael Tronick, Stuart Baird, Tom Harrison-Read
Distribuidora: Warner Bros

ELENCO

Adrian Collins, Alexandre Willaume, Alicia Vikander, Andrian Mazive, Annabel Elizabeth Wood, Antonio Aakeel, Billy Postlethwaite, Civic Chung, Daniel Wu, Derek Jacobi, Dominic West, Duncan Airlie James, Emily Carey, Gordon Chow, Hannah John-Kamen, Jaime Winstone, Jandre le Roux, Josef Altin, Keenan Arrison, Kenneth Fok, Kristin Scott Thomas, Maisy De Freitas, Maruwan Gasant, Michael Obiora, Milton Schorr, Peter Waison, Rekha John-Cheriyan, Roger Jean Nsengiyumva, Samuel Mak, Shekhar Varma, Sky Yang, Tamer Burjaq, Vere Tindale, Walton Goggins


Nenhum comentário