PiTacO do PapO - 'Em Pedaços' | 2018
NOTA 10
Por Rogério Machado
Político, cortante, uma voz de militância eu diria. Ficou inevitável não começar essa resenha com tais adjetivos, que, por mais que eu enumere, nunca dirão em palavras o que o filme de Fatih Akin quer nos dizer. 'Em Pedaços', que depois de mais de um mês de atraso finalmente chega aos cinemas brasileiros, é o que eu chamaria de uma obra completa. Abraça uma história de consistência e verdade, enquanto também consegue fazer pensar e entreter ao mesmo tempo. Após a sessão, só lamentei uma única coisa: que mesmo depois de ter levado um Globo de Ouro de Melhor Filme estrangeiro pela Alemanha, o filme não tenha sequer sido indicado ao Oscar na mesma categoria.
No drama, Diane Kruger é Katia Sekerci , uma alemã que leva uma vida normal ao lado do marido turco Nuri (Numan Acar), e Rocco, o filho de 7 anos. Um dia, ela é surpreendida ao descobrir que ambos morreram devido a uma bomba colocada diante do escritório do marido. Desesperada, Katia decide lutar por justiça ao descobrir que os responsáveis foram integrantes de um grupo neonazista. Insatisfeita com o desenrolar do caso, ela decide pela vingança com as próprias mãos.
A narrativa é particionada em três, intituladas de 'A família','A Justiça', 'O Mar': Akin desenvolve seu roteiro aparentemente sem pretensões políticas - sacada incrível, pois a bem da verdade, temos um drama eficiente, mas claro, nada que se diferencie de outras produções que dão enfoque à morte de inocentes e a retaliação em torno disso. À medida que a trama avança, vão surgindo evidências de que as mortes não aconteceram por acaso. É nesse ponto que nasce também um bom thriller de tirar o fôlego (por mais repetitiva que soe essa expressão). Kruger (excepcional atriz que é) assume duas personas na mesma personagem: de mãe amorosa e devota ao lar à uma mulher ameaçadora e kamize, daquele tipo que nada poderia parar.
É excitante ver como o longa escapa das armadilhas do gênero - expõe o problema das sumárias execuções por convicções políticas e (ou) religiosas, que infelizmente ainda acontecem em países da Europa, com o rigor das produções de denúncia, mas à todo tempo se reafirma enquanto obra de entretenimento , como mesmo disse ali atrás, misturando gêneros que conversam harmoniosamente com o assunto em questão.
Fica uma pergunta inquieta , daquelas que não se podem calar: - Será que as barbaridades do holocausto ficaram mesmo pra trás? A impressão é que não. 'Em Pedaços', cujo título inteligentemente se torna uma dura e providencial analogia entre o modo literal e o figurado do sentir, é um filme urgente. É atual. É cinema, mas também é vida real.
Super Vale Ver !
Por Rogério Machado
Político, cortante, uma voz de militância eu diria. Ficou inevitável não começar essa resenha com tais adjetivos, que, por mais que eu enumere, nunca dirão em palavras o que o filme de Fatih Akin quer nos dizer. 'Em Pedaços', que depois de mais de um mês de atraso finalmente chega aos cinemas brasileiros, é o que eu chamaria de uma obra completa. Abraça uma história de consistência e verdade, enquanto também consegue fazer pensar e entreter ao mesmo tempo. Após a sessão, só lamentei uma única coisa: que mesmo depois de ter levado um Globo de Ouro de Melhor Filme estrangeiro pela Alemanha, o filme não tenha sequer sido indicado ao Oscar na mesma categoria.
No drama, Diane Kruger é Katia Sekerci , uma alemã que leva uma vida normal ao lado do marido turco Nuri (Numan Acar), e Rocco, o filho de 7 anos. Um dia, ela é surpreendida ao descobrir que ambos morreram devido a uma bomba colocada diante do escritório do marido. Desesperada, Katia decide lutar por justiça ao descobrir que os responsáveis foram integrantes de um grupo neonazista. Insatisfeita com o desenrolar do caso, ela decide pela vingança com as próprias mãos.
A narrativa é particionada em três, intituladas de 'A família','A Justiça', 'O Mar': Akin desenvolve seu roteiro aparentemente sem pretensões políticas - sacada incrível, pois a bem da verdade, temos um drama eficiente, mas claro, nada que se diferencie de outras produções que dão enfoque à morte de inocentes e a retaliação em torno disso. À medida que a trama avança, vão surgindo evidências de que as mortes não aconteceram por acaso. É nesse ponto que nasce também um bom thriller de tirar o fôlego (por mais repetitiva que soe essa expressão). Kruger (excepcional atriz que é) assume duas personas na mesma personagem: de mãe amorosa e devota ao lar à uma mulher ameaçadora e kamize, daquele tipo que nada poderia parar.
É excitante ver como o longa escapa das armadilhas do gênero - expõe o problema das sumárias execuções por convicções políticas e (ou) religiosas, que infelizmente ainda acontecem em países da Europa, com o rigor das produções de denúncia, mas à todo tempo se reafirma enquanto obra de entretenimento , como mesmo disse ali atrás, misturando gêneros que conversam harmoniosamente com o assunto em questão.
Fica uma pergunta inquieta , daquelas que não se podem calar: - Será que as barbaridades do holocausto ficaram mesmo pra trás? A impressão é que não. 'Em Pedaços', cujo título inteligentemente se torna uma dura e providencial analogia entre o modo literal e o figurado do sentir, é um filme urgente. É atual. É cinema, mas também é vida real.
Super Vale Ver !
DIREÇÃO
- Fatih Akin
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Fatih Akin, Hark Bohm
Produção: Ann-Kristin Hofmann, Fatih Akin, Herman Weigel, Nurhan Sekerci-Porst
Fotografia: Rainer Klausmann
Trilha Sonora: Josh Homme
Estúdio: Bombero International, Warner Bros.
Montador: Andrew Bird
Distribuidora: Imovision
ELENCO
Adam Bousdoukos, Asim Demirel, Aysel Iscan, Cem Akin, Christa Krings, Denis Moschitto, Diane Kruger, Hanna Hilsdorf, Hartmut Loth, Henning Peker, Jannis Papadopoulos, Jessica McIntyre, Johannes Krisch, Karin Neuhäuser, Laurens Walter, Numan Acar, Rafael Santana, Samia Muriel Chancrin, Siir Eloglu, Torsten Lemke, Ulrich Brandhoff, Ulrich Tukur, Uwe Rohde, Yannis Economides, Youla Boudali
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