PiTacO do PapO - 'Praça Paris' | 2018
NOTA 9.0
Por Rogério Machado
Precisamos falar sobre a violência e o medo no Rio de Janeiro, sobre o massacre das classes desfavorecidas, que vivem nas favelas e que presenciam fatalidades motivadas pelo ódio todos os dias.. entre inocentes e culpados, a diretora Lucia Murat (Histórias que só Existem Quando Lembradas - 2012), chama atenção para o crônico problema vivido na cidade do Rio. Junto ao apelo social e todo debate que o tema pode gerar, está um thriller eficiente, conduzido com esmero em tonalidades cruas e cruéis. Dono de vários prêmios em diversos festivais, o filme chega agora em circuito comercial no Brasil.
Na trama conheceremos Gloria (Grace Passô), que trabalha como ascensorista na UERJ. Ela foi criada e vive até hoje no Morro da Providência. Filha de um pai abusivo, quando se vê livre dele, passa para as mãos de um irmão, chefe do tráfico, que ainda se faz presente e exerce enorme influência sobre sua vida, mesmo estando preso. Camila (Joana de Verona) é uma jovem psicanalista portuguesa que está no Brasil para estudos de pós-graduação sobre violência também na UERJ, onde começa a atender Gloria em seu consultório. É estrangeira e deslocada em meio ao caos de uma cidade desigual, ruidosa, hostil e em constante transformação. Um vínculo involuntário entre elas se inicia, é quando o cruzar desses dois mundos irão gerar desconfortos pelo medo vivido por ambas.
A famosa praça localizada no bairro da Glória no Rio fundada em 1926 e projetada pelo urbanista francês Alfred Agache, funciona inteligentemente não só como o ponto de ligação à memória afetiva de Camila, como também faz um contraste com toda violência e desesperança dos moradores dos morros que vivem sob a pressão da polícia, ou pelos vizinhos de porta, que combatem violência com violência. Violência essa que atinge profundamente a vida da psicanalista ,que se vê envolvida dentro e fora do consultório com o drama de sua paciente - essa é a deixa para o tom claustrofóbico desenhado ao longa da abordagem de Murat que vai desde o ambiente fechado de um elevador onde Glória trabalhava, até os corredores da mente de Camila, vivida com brilhantismo pela atriz portuguesa Joana de Verona.
O roteiro, também de Murat em parceria com o escritor Raphael Montes, que debate essa triste questão social que hoje anda mais atual do que nunca principalmente na cidade do Rio, ironicamente é uma história de suspense pronta, que encontra em suas protagonistas a sustentação dramática necessária ao bom desenvolvimento da trama - que coloca em cheque a fortaleza e a autoconfiança de um profissional que cuida da mente e as inseguranças e inocência de uma moradora de comunidade que aprendeu a se defender à seu modo contra aquela batalha.
'Praça Paris', essa história forte e arrebatadora, arrematou prêmios como o Dom Quixote de Melhor Filme no Festival de Havana, além de prêmios individuais para a atriz Grace Passô - consagrada atriz e dramaturga – e para a diretora Lúcia Murat como melhor diretora do Festival do Rio 2017, enquanto Passô venceu, além do Festival do Rio, o FEStin de Lisboa (Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa).
Super Vale Ver !
Por Rogério Machado
Precisamos falar sobre a violência e o medo no Rio de Janeiro, sobre o massacre das classes desfavorecidas, que vivem nas favelas e que presenciam fatalidades motivadas pelo ódio todos os dias.. entre inocentes e culpados, a diretora Lucia Murat (Histórias que só Existem Quando Lembradas - 2012), chama atenção para o crônico problema vivido na cidade do Rio. Junto ao apelo social e todo debate que o tema pode gerar, está um thriller eficiente, conduzido com esmero em tonalidades cruas e cruéis. Dono de vários prêmios em diversos festivais, o filme chega agora em circuito comercial no Brasil.
Na trama conheceremos Gloria (Grace Passô), que trabalha como ascensorista na UERJ. Ela foi criada e vive até hoje no Morro da Providência. Filha de um pai abusivo, quando se vê livre dele, passa para as mãos de um irmão, chefe do tráfico, que ainda se faz presente e exerce enorme influência sobre sua vida, mesmo estando preso. Camila (Joana de Verona) é uma jovem psicanalista portuguesa que está no Brasil para estudos de pós-graduação sobre violência também na UERJ, onde começa a atender Gloria em seu consultório. É estrangeira e deslocada em meio ao caos de uma cidade desigual, ruidosa, hostil e em constante transformação. Um vínculo involuntário entre elas se inicia, é quando o cruzar desses dois mundos irão gerar desconfortos pelo medo vivido por ambas.
A famosa praça localizada no bairro da Glória no Rio fundada em 1926 e projetada pelo urbanista francês Alfred Agache, funciona inteligentemente não só como o ponto de ligação à memória afetiva de Camila, como também faz um contraste com toda violência e desesperança dos moradores dos morros que vivem sob a pressão da polícia, ou pelos vizinhos de porta, que combatem violência com violência. Violência essa que atinge profundamente a vida da psicanalista ,que se vê envolvida dentro e fora do consultório com o drama de sua paciente - essa é a deixa para o tom claustrofóbico desenhado ao longa da abordagem de Murat que vai desde o ambiente fechado de um elevador onde Glória trabalhava, até os corredores da mente de Camila, vivida com brilhantismo pela atriz portuguesa Joana de Verona.
O roteiro, também de Murat em parceria com o escritor Raphael Montes, que debate essa triste questão social que hoje anda mais atual do que nunca principalmente na cidade do Rio, ironicamente é uma história de suspense pronta, que encontra em suas protagonistas a sustentação dramática necessária ao bom desenvolvimento da trama - que coloca em cheque a fortaleza e a autoconfiança de um profissional que cuida da mente e as inseguranças e inocência de uma moradora de comunidade que aprendeu a se defender à seu modo contra aquela batalha.
'Praça Paris', essa história forte e arrebatadora, arrematou prêmios como o Dom Quixote de Melhor Filme no Festival de Havana, além de prêmios individuais para a atriz Grace Passô - consagrada atriz e dramaturga – e para a diretora Lúcia Murat como melhor diretora do Festival do Rio 2017, enquanto Passô venceu, além do Festival do Rio, o FEStin de Lisboa (Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa).
Super Vale Ver !
DIREÇÃO
- Lúcia Murat
EQUIPE TÉCNICA
Roteiro: Lúcia Murat, Raphael Montes
Produção: Felicitas Raffo, Lúcia Murat, Luís Galvão Telles
Fotografia: Guillermo Nieto
Trilha Sonora: André Abujamra, Márcio Nigro
Estúdio: Cepa Audiovisual
Montador: Mair Tavares
Distribuidora: Imovision
ELENCO
Alex Brasil, Allefe Santos, Babu Santana, Daniel Braga, Digão Ribeiro, Grace Passô, Joana de Verona, Marco Antonio Caponi, Rafael d'Avila, Taiana Bastos, Thaís Nascimento, Wanderson 'Petão' Lopes
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