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PiTacO do PapO - 'A Excêntrica Família de Gaspard' | 2018

NOTA 7.0

Por Rogério Machado



O cinema francês está entre os poucos que conseguem misturar drama e comédia sem pender mais pra um lado ou pro outro, quando o faz, fica quase impossível saber se estão dramatizando o riso ou rindo da dramaticidade. Pude sobremaneira perceber esses traços (muito embora não tão bem desenvolvidos) em 'A Excêntrica Família de Gaspard', filme que faz parte da programação do Festival Varilux de Cinema Francês que está em cartaz de 07 a 20 de junho em mais de 80 cidades no Brasil. O longa do diretor e roteirista Anthony Cordier leva o público pela mão ao tratar questões e dilemas de uma família diferente, mas que tem muita coisa em comum com muitas por aí. 


Na história, conheceremos o  jovem Gaspard (Félix Moati) , que depois de ficar afastado durante muitos anos, se reencontra com a família após o anúncio do casamento do pai, e companhado de Laura (Laetitia Dosch), uma moça extravagante e aventureira, que aceita fingir ser sua namorada durante o casamento. Dessa forma,  ele se sente pronto para pisar, novamente, no zoológico familiar e rever os animais que o viram crescer… Mas entre um pai mulherengo, um irmão sensato demais e uma bela irmã que finge ser um urso , ele não tem consciência de que está prestes a viver os últimos dias de sua infância.

Ao tratar essa espécie de pingos nos 'is', a narrativa dá espaço para também tratar das curiosidades de cada personagem dentro do núcleo familiar, além claro, da bela desconhecida que Gaspard conheceu num episódio inusitado, este impregnado de humor tão descompromissado, que chega a ser a melhor coisa durante os 97 min. de projeção: começo por ela, Laura, que traduz o espírito mais livre dentre essas personalidades, que não pensou duas vezes antes de topar a aventura desde que recebesse um dinheirinho por dia que passasse ao lado dele. Gaspard, que parece guardar uma mágoa , mas que não expressa em nenhum momento o incômodo em estar de volta. A irmã, Coline (Christa Théret), que prefere viver como um animal, não teve namorados e parece nutrir um amor que vai além do fraternal para com o irmão. Virgil (Guillaume Gouix), o mais sensato e  apaziguador. E por último, o patriarca, Max (Johan Heldenbergh) excêntrico e mulherengo que parece ser o barco sem rumo do clã. 

Infelizmente, o roteiro não investe no aprofundamento das relações e nem na ligação sentimental da família com o zoológico que cuidaram durante toda uma vida. Sendo assim, resta-nos apenas o olhar carinhoso para cada personagem individualmente. Dessa forma, ainda sobrará algum motivo para falar do filme com algum apreço. 

Poderia ter ido mais fundo no drama.  Talvez, dessa vez não fosse o caso de misturar tanto os gêneros - o exemplar aqui não funcionou nem como uma coisa, nem outra. Vale a espiada pelo casal protagonista, ambos sim deixaram a experiência mais atraente pelo carisma - tanto juntos , quanto separados em cena. 


Vale Ver !

DIREÇÃO

  • Antony Cordier

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: Antony Cordier, Julie Peyr, Nathalie Najem
Produção: Nicolas Blanc
Música: Thylacine
Fotografia:  Nicolas Gaurin
Montador: Christel Dewynter

ELENCO

Félix Moati, Laetitia Dosch, Christa Théret, Marina Foïs, Johan Heldenbergh, Guillaume Gouix, Élodie Bouchez, Noémie Alazard-Vachet, Elsa Houben, Martin Therain


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