Adsense Cabeçalho

PiTacO do PapO - 'Paraíso Perdido' | 2018

NOTA 9.5

Por Rogério Machado



Monique Gardenberg é uma cineasta de hiatos. A diretora tem quatro filmes no currículo,  e entre eles, longos espaços de tempo. Seu último filme, 'Ó Paí ó' foi em 2007 e tinha como cenário a Bahia, e tônica, a música baiana. Dessa vez, troca-se o clima quente e personagens solares e entra o obscuro das relações. Sai de cena a música esfuziante da Bahia e entram as mais famosas músicas do cancioneiro brega brasileiro. 'Paraíso Perdido', não só traz de volta uma diretora com poucos e bons trabalhos, como o cantor Erasmo Carlos, cujo último filme foi há mais de 30 anos. 



Na história Erasmo é José, o dono da boate 'Paraíso Perdido' e patriarca dessa família cheia de dilemas, que faz de tudo para garantir a felicidade de seu clã: os filhos Angelo (Júlio Andrade) e Eva (Hermila Guedes), o filho adotivo Teylor (Seu Jorge) e os netos Celeste (Julia Konrad) e Imã (Jaloo). Unida pela música e por um amor incondicional, a excêntrica família encontra forças para lidar com seus traumas cantando clássicos da música popular romântica e atrai a curiosidade do misterioso Odair (Lee Taylor), um policial que cuida da mãe surda, uma ex-cantora (Malu Galli), que hoje vive enclausurada em casa por medo de viver. 

A música de Reginaldo Rossi, Angela Maria, Roberto Carlos, Gilliard, entre tantos outros, não somente embalam a trama como dão sentido à alguns personagens, como por exemplo Imã, que a revelação da música Jaloo defende brilhantemente. O cantor/ator em potencial, brilha tanto no palco da boate como nas cenas em que diálogos são trocados. Sua interpretação de 'Amor Marginal' (sucesso do cantor Johnny Hooker) é intimista, delicada e ao mesmo tempo cheia de força. Enquanto brilha no palco, cenas quentes de Imã com Pedro (Humberto Carrão), um admirador que se sente atraído pelo moço travestido mas tenta repelir o desejo, se alternam - esse sem dúvidas um dos pontos altos da trama. 

No meio de tantos acertos, existem também alguns deslizes, e um desses complicadores se deve ao fato do excesso de personagens. No desfecho, o roteiro, que até então parecia se desenvolver com pequenos dramas soltos, tenta colocá-los todos dentro de uma mesma história, e essas conexões ficam tênues e ligeiramente confusas para uma parte do público. Mas nada disso minimiza a rica experiência que nos diz a respeito de abuso, aceitação, compaixão, reencontro, e claro, liberdade pra viver como achar que se deve viver.  Sem medo do futuro, sem medo do que os outros irão pensar. 

Uma frase de Ângelo (vivido pelo sempre ótimo Júlio Andrade) resume bem o espírito da coisa: 'As pessoas não te odeiam pelo que você é, te odeiam pelo que elas não conseguem ser...'


Super Vale Ver !

DIREÇÃO

  • Monique Gardenberg

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: Monique Gardenberg
Produção: Augusto Case
Fotografia: Pedro Farkas
Distribuidora: Vitrine Filmes

ELENCO

Celso Frateschi, Cristina Mutarelli, Erasmo Carlos, Felipe Abib, Hermila Guedes, Humberto Carrão, Júlio Andrade, Lee Taylor, Majorie Estiano, Malu Galli, Nicole Puzzi, Paula Burlamaqui, Seu Jorge

Nenhum comentário