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PiTacO do PapO - 'Ilha dos Cachorros' | 2018

NOTA 9.0

Por Rogério Machado

Exibido pela primeira vez em fevereiro desse ano no 68º Festival de Cinema de Berlim e aclamado pela crítica, 'Ilha dos Cachorros', novo filme do sempre celebrado Wes Anderson, é uma animação em stop-motion. Sim, aquela em que os personagens e componentes são feitos de materiais reais, como madeira e até massinha de modelagem, e depois são fotografados quadro a quadro, dando a impressão de movimento. Só pelas minúcias no que diz respeito à parte técnica ou ao formato, já dava pra dizer que estamos diante de uma nova obra prima do cineasta - que nos deu presentes como 'Moonrise Kingdom' (2012) e 'O Grande Hotel Budapeste' (2014) - mas não, (thank god!) o filme de temática altamente sociopolítica vestido com a inocência de uma animação, extrapola aos apuros técnicos.


Na história conheceremos Atari Kobayashi,  um garoto japonês de 12 anos de idade. Ele mora na cidade de Megasaki, sob tutela do corrupto prefeito Kobayashi. O político aprova uma nova lei que proíbe os cachorros de morarem no local, fazendo com que todos os animais sejam enviados a uma ilha vizinha repleta de lixo. Como não aceita se separar do cachorro Spots, Atari convoca os amigos, rouba um jato em miniatura e parte em busca de seu fiel amigo. A aventura vai transformar completamente a vida da cidade.

Chamado de 'crise de saturação canina', o programa consiste em exterminar os cães da face da terra. Essa deixa é notada logo na introdução quando os antepassados de Kobayashi são levantados como grandes inimigos dos cães. Tudo fazia parte de um plano escondido que só poderia ser mantido por um líder fascista e opressor.  Esse é o ponto: através dessa fábula inspirada nas produções dos estúdios Ghibli (aquele famoso que produz animações japonesas), Anderson apresenta questões sérias como todos os problemas que nascem por conta do ódio da humanidade, como a ditadura e as mazelas vividas pelos oprimidos por conta dela. É impossível não fazer um paralelo com o holocausto ou quem sabe a crise dos refugiados, dentre tantas outras problemáticas criadas pela ganância do homem.

Com um elenco de vozes invejado por qualquer grande produção (Bryan Cranston, Scarlet Johansson, Tilda Swinton e outros muitos) o filme de Wes Anderson, mesmo com a violência gráfica (que fez a censura ser elevada para 13 anos) , carrega delicadezas e o lirismo típico das obras do cineasta. É possível tratar de temas duros e sérios com leveza: Anderson mais uma vez prova que tem tarimba pra isso. O longa chegou finalmente essa semana nos cinemas brasileiros.

Super Vale Ver!

DIREÇÃO

  • Wes Anderson

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: Jason Schwartzman, Kunichi Nomura, Roman Coppola, Wes Anderson
Produção: Eli Bush, Jeremy Dawson, Octavia Peissel, Scott Rudin, Steven Rales, Wes Anderson
Fotografia: Tristan Oliver
Trilha Sonora: Alexandre Desplat
Estúdio: American Empirical Pictures, Indian Paintbrush, Studio Babelsberg Motion Pictures, Twentieth Century Fox Animation
Montador: Andrew Weisblum, Edward Bursch, Ralph Foster
Distribuidora: Fox Film

ELENCO

Akira Ito, Akira Takayama, Bill Murray, Bob Balaban, Bryan Cranston, Courtney B. Vance, Edward Norton, F. Murray Abrahams, Fisher Stevens, Frances McDormand, Greta Gerwig, Harvey Keitel, Jeff Goldblum, Ken Watanabe, Koyu Rankin, Kunichi Nomura, Liev Schreiber, Mari Natsuki, Nijirô Murakami, Scarlett Johansson, Tilda Swinton, Yoko Ono

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