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PiTacO do PapO - 'Hannah' | 2018

NOTA 8.0

Por Rogério Machado


Penso eu que algumas narrativas, por mais soberbas que sejam, nunca estarão no mesmo patamar de quem as defende. Por mais que nos atinjam por si só, algumas delas nunca seriam o que são não fosse o talento de quem dá vida ao personagem, ainda mais quando falamos de um longa que dependa tanto de um protagonista à altura como 'Hannah' , filme que deu a Charlotte Rampling o prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza esse ano. Rampling é daquele nipe de atriz que tem muito a dizer mesmo sem abrir a boca em cena.




No drama Charlotte Ramplig é Hannah,uma mulher de terceira idade que divide-se entre as aulas de teatro, a natação ,o trabalho como empregada doméstica e as afazeres de casa. Quando num dia seu marido vai para a prisão, ela não tem alternativa a não ser a solidão e tentar refazer laços perdidos com descendentes, mas  o grande dilema é que existe  um segredo na família que torna cada vez mais difícil a sua relação com todos ao seu redor.

O sentimento de abandono e a constante ausência da família na qual ela é submetida a cada dia que passa, atinge Hannah aos poucos e o olhar que já não era tão otimista sobre seu em torno, parece cada vez se estreitar mais. Sempre calada e sem criar novos laços, ela segue de um lugar pro outro observando , de olhar atento, mas sempre com a costumeira tristeza. Todos os receios e medos sobre o passado e presente colidem na interpretação grandiosa de uma atriz que cresce a cada cena, e num filme que se pauta principalmente pela imagem, onde  todas as expressões e olhares se tornam  grandes acontecimentos.

Para os mais aflitos, o ritmo pode ser um problema, já que o filme tem uma narrativa bem compassada, que se justifica por trazer consigo o feito de mergulhar com precisão cirúrgica nos mistérios e nas dores que envolvem a vida de Hannah. Muito embora nem sempre consiga, é gratificante para o bom cinéfilo ver em cena um artista que se dispa (aqui literalmente) tanto quanto Mrs Rampling o faz.  Apesar de lento, (o que pra mim não é um problema) o longa é comovente e falará ao espectador mesmo quando estiver em completo silêncio.

Antes que eu me esqueça, a direção é do ainda desconhecido do grande público, o italiano Andrea Pallaoro.

Vale Ver !

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