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Livro Vs. Filme : Te Amarei para Sempre

Por Vinícius Martins @cinemarcante 


Mais uma semana se iniciando, mais uma publicação da coluna Livro vs Filme! E hoje, a adaptação analisada é de uma obra que, pode-se dizer, é uma mescla genial entre romance e ficção científica, sem negar suas raízes na fantasia.

Livro: A Mulher do Viajante no Tempo, escrito por Audrey Niffenegger
Filme: Te Amarei Para Sempre, dirigido por Robert Schwentke



Quando o assunto é viagem no tempo, o imaginário coletivo logo recorda um enredo como o de ‘De Volta para o Futuro’, do mestre inventivo Robert Zemecks. Esse tema está ligado sempre a aventuras, inteligência e problemas criados por aqueles que se atrevem a manipular o rio-corrente que o tempo é, e essa intromissão gera muitas confusões em realidades paralelas que se formam a cada nova interferência. Só que, fugindo desse prisma de bagunça colossal, a autora Audrey Niffenegger criou uma história onde a viagem no tempo é apenas um fator colateral com que um casal apaixonado precisa lidar em seu cotidiano, enquanto tentam de algum modo se adaptar a uma rotina de idas e vindas entre passado, presente e futuro.



O livro é contado sob a perspectiva de Clare e Henry de forma intercalada, mostrando sempre o ponto de vista de quem vai e o de quem fica. Henry viaja no tempo somente durante o período de sua existência (com exceção de uma viagem) de forma involuntária, sem ter controle de para onde e quando está indo. Ele não veria dinossauros se quisesse, por exemplo, ou visitaria o ano dois mil e duzentos. E ele sempre surge do “outro lado” da linha por onde viaja da forma como veio ao mundo: completamente nu. Ela, em contraponto, tem sua vida influenciada pela presença de Henry desde a infância.

Devo ser honesto e informar que, para mim, Henry e Clare formam um dos casais mais peculiares da literatura mundial. Aqui não há espaço para fetiches ou sofrimentos como o caso dos casais Grey ou Cullen, nem os ressentimentos do casal Bennet/Darcy - apesar de que qualquer um desses traços poderia ser uma linha para a trama. Mas não. Niffenegger escolhe a simplicidade de tornar o impossível em algo palatável, com textura, camadas e consequências inteligentes (e fofas) dentro da mitologia que cria para seu casal diferentão.

Não existe aqui a problematização da apologia à pedofilia, uma vez que as intenções e interesses dos personagens são sempre bem explícitas aos leitores. E isso se reflete na delicadeza como o primeiro encontro entre o casal na infância de Clare se faz inocente e desprovido de maldades. A direção de Robert Schwentke (mais conhecido por seu trabalho na direção dos dois últimos filmes da série Divergente) e a produção executiva de Brad Pitt para o roteiro ágil e mastigadinho de Bruce Joel Robin fazem desse filme um romance épico, merecedor do rótulo de clássico contemporâneo e atemporal.



A trama se desenvolve sem embaraços ou criação de problemas desnecessários para “encher linguiça”. O filme é prático, focando em momentos chave e apresentando os dilemas que tornam esse casal tão diferente em um amor extremamente humano. É na simplicidade que está o encantamento da obra, e o trabalho de Rachel McAdams e Eric Bana ao encarnarem Henry e Clare resulta em atuações emocionantes e arrebatadoras, conduzindo o coração dos espectadores em sua jornada anormal de afeição ao bizarro. Vale destacar também os trabalhos de maquiagem e fotografia, que tornam críveis as várias versões de Bana que aparecem em tela. E Mychael Danna faz aquele que está entre seus três melhores trabalhos na composição de trilhas sonoras, ao lado dos longas ‘As Aventuras de Pi’ e ‘O Bom Dinossauro’.

Sem muito mistério, esse é o filme que apresenta toda a majestade do livro que o originou, e coloca ainda mais emoção na exibição dessa fábula repleta de sentimentos. O mundo precisa ler esse livro ou, pelo menos, ver esse filme!



'Papo de Cinemateca - Muito Cinema pra Todo Mundo' 


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