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PiTacO do PapO - 'O Animal Cordial' | 2018

NOTA 9.5

Por Rogério Machado 



Mais uma vez o cinema nacional prova que pode muito mais. Mostra que existem novos campos a serem explorados nos mais variados gêneros e que podemos ser bons nisso. Ouso dizer que o ano de 2018 já é uma das melhores safras do nosso cinema no que diz respeito no investimento do cinema de gênero, nas produções autorais repletas de referências, mas que não seguem fórmulas e que surpreendem pela originalidade. 'O Animal Cordial', um dos grandes destaques no Festival do Rio em 2017, entra pro seleto grupo que felizmente tende a aumentar.... e que os deuses do cinema digam amém! 


O filme se dá inteiramente num único ambiente cenográfico:  um restaurante, daqueles com alguma pretensão, que gostam de figurar em revistas, e um dono arrogante, Inácio (Murilo Benício) em uma noite aparentemente comum – comum porque ali está o que há de mais rotineiro – os funcionários desgastados e prestes à insurgência, representados pelo chef de cozinha Djair (Irandhir Santos), a funcionária braço direito do chefe, Sara (Luciana Paes), o cliente habitual, Amadeu (Ernani Moraes) e o casal esnobe Verônica e Bruno (Camila Morgado e Jiddu Pinheiro), no qual a mulher se encontra subjugada. Quando o estabelecimento é assaltado por Magno (Humberto Carrão) e Nuno (Ariclenes Barroso) , Inácio e a garçonete Sara precisam encontrar meios para controlar a situação e lidar com os clientes que ainda estão na casa: o solitário Amadeu e o casal endinheirado Bruno e Verônica.

O longa de Gabriela Amaral Almeida (estreando à frente da direção)  se divide em três atos para narrar uma história inspirada em eventos reais: no primeiro somos apresentados aos principais personagens da trama, onde conseguimos detectar indícios de psicopatia, assim como os piores adjetivos atribuídos ao bicho homem, como o preconceito ou a soberba. No segundo ato a ação vem através de um assalto onde outros absurdos serão praticados além do objetivo de simplesmente lucrar com as posses alheias. Logo seremos levados ao terceiro e mais longo ato, onde tudo que cada um é se revela através de uma iniciativa aparentemente impensada justamente vinda do dono do restaurante. O que vem a partir daí, são sequências inacreditáveis repletas de gore e  muita tensão. 

Impregnado de ironia e violência gráfica, 'O Animal Cordial', além das memoráveis performances de Luciana Paes e Murilo Benício (esse totalmente irreconhecível, vestido de uma crueldade incomum, com um timing para o suspense raramente visto no nosso cinema), também se destaca pela maneira como usa a trilha sonora: não espere heavy metal só por se tratar de um longa que bebe das fontes do trash. O que acontece com relação a musica é justamente o contrário, mas com melodias que transcendem mistério. 

Resumo da ópera : o filme produzido por Rodrigo Teixeira (indicado ao Oscar no ano passado por 'Me Chame pelo seu Nome'), usa o terror com inteligência para tratar de questões sociais em voga mundialmente nos dias de hoje - não só enquanto temática, mas também enquanto cinema - os recentes 'Corra' e 'Ao Cair da Noite', estão aí e não me deixam mentir. 


Super Vale Ver !







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