Adsense Cabeçalho

PiTacO do PapO - 'Nasce Uma Estrela' | 2018

NOTA 9.5

Sexo, drogas, rock'n'roll, e muita música

Por Vinícius Martins @cinemarcante


O estrelato mexe com a cabeça de alguns artistas. Alguns ficam esnobes, outros tentam o suicídio, outros conseguem, e outros ainda se rendem a vícios em suas vidas pessoais que acabam, consequentemente, afetando suas carreiras. Casos recentes de figuras que não “seguraram a onda”, como o da cantora Demi Lovato, e não tão recentes como o de Amy Winehouse, são evidências claras de que o psicológico de quem lida diretamente com o público fica afetado. No que diz respeito ao filme 'Nasce Uma Estrela’, essa perspectiva se amplifica ao apresentar a intimidade de uma dupla em formação que acaba se tornando também um casal. Esta é uma história de altos e baixos sobre a jornada paralela de ascensão e queda entre dois popstars enquanto tentam conciliar suas vidas e agendas.


Em uma visão fechada, é perfeitamente possível classificar 'Nasce Uma Estrela’ como um musical. Há canções que migram do folk ao pop eletrônico, passando pela raiz do bom e velho rock. Já em uma visão mais aberta, ampla o suficiente para descamar a dupla de protagonistas, é cabível etiquetar mais meia dúzia de gêneros à produção dirigida por Bradley Cooper: romance, drama, cult, roadtrip, com uma pitada noir e inclusive aspectos momentâneos de documentário, uma vez que muitas tomadas remetem ao visual de arquivos gravados em shows para aparecer no making-off do DVD de alguém famoso. A trama é bem desenvolvida, amarrada e absurdamente charmosa, adequada às canções originais que se fazem um banquete aos ouvidos em performances espetaculares, mesmo sem toda a pirotecnia registrada de Lady Gaga.

No entanto, é nos silêncios que o filme incomoda e ralenta - não de uma maneira ruim, não. Acostuma-se a ver a dupla de protagonistas se expressar tanto e tão bem em suas musicalidades que, quando a fragilidade da grandeza deles é exposta, sai a imagem de ícone idolatrado e entra o vislumbre de humanidade que há em cada um. A química entre Jack e Ally, interpretados por Cooper e Gaga, é tão espetacular que transborda da tela e inunda a sala com música de qualidade enquanto inunda também os olhos do público com a sensibilidade de cada nota e cada nova melodia. Os bastidores e os holofotes se encontram de forma aterradora para mostrar que por trás de cada artista há uma história, e cada história tem seus porquês.

É “por trás das cortinas” que os artistas se descobrem, se despem e se evidenciam aos espectadores do filme. No brotar do sucesso de uma e na decadência da carreira de outro, era de se esperar uma trama como a de 'O Artista’, longa vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2012, onde a pupila se destaca mais que o padrinho e dá as costas a ele, deixando seu nome no passado. Todavia, Cooper quebra essa expectativa e entrega uma belíssima história de amor como há tempos não se via nos cinemas. Para o bem ou para o mal, a trajetória do casal de musicistas se consagra, aqui, como fruto da necessidade da mídia em se renovar. Como as palavras de Freddie Mercury cantadas por Harold Zidler na voz de Jim Broadbent no insuperável 'Moulin Rouge: Amor em Vermelho’, do gênio Baz Luhrmann, “o show tem que continuar”.

A estrela que nasce, no fim das contas, é a do brilho mútuo. A encarada para a câmera vem para explicitar a alma em seu íntimo - não para condená-la, mas sim para acolhê-la. Seja no ato de convidar alguém ao palco ou no simples olhar para o alto, o brilhantismo que se vê no filme continua a ser notado muito tempo depois de assisti-lo, como uma estrela distante cujo brilho atravessa anos-luz.

Super Vale Ver !


Nenhum comentário