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PiTacO do PapO -'Mais uma Chance' | 2018

NOTA 9.5

Uma obsessão , várias chances de sair dela, e um filme memorável

Por Karina Massud @cinemassud 


Rachel e Richard formam um casal maduro de intelectuais que enfrentam um problema muito comum nos dias atuais: a infertilidade.  Destruídos pelo calvário de um tratamento de fertilização e/ou adoção de uma criança, eles não desistem:  clínicas, tratamentos, remédios, vitaminas, buscas por doadoras de óvulos e de bebês, entrevistas com assistentes sociais .... por aí segue a rotina do casal. A aparência de ambos é lamentável, com roupas molambentas, cabelos sem pentear e 'rabugice full time'... nem os amigos toleram mais. Todos percebem essa montanha-russa emocional e financeira que várias vezes chega ao fundo de poço, nada mais parece importar, nem o próprio casamento que foi deixado de lado já há vários anos.


Até que no meio do furacão aparece Sadie (a ótima Kayli Carter), a “sobrinha” postiça recém-saída da faculdade, totalmente sem rumo ou propósito na vida, que se sente incompreendida pelos pais que não aceitam sua vocação pra escritora. Adivinhem a “brilhante” idéia de Rachel e Richard?  Pedir um óvulo para Sadie. Não se sabe quem é mais sem noção, o casal cego em busca de um óvulo sadio ou a garota que topa como se fosse uma mera doação de sangue sem nenhuma consequência. Imagine a cabeça de toda família e os conflitos que daí pipocam. A trama segue ágil entre a loucura do tratamento, o novo crush de Sadie, os diálogos inteligentes e cheios de carinho entre todos os personagens e algumas reviravoltas inesperadas (que me deixaram apreensiva e logo depois aliviada!)

“Mais Uma Chance”, que é uma produção original da Netflix, mexe nessas questões delicadas e desconfortáveis mas que precisam ser tratadas: infertilidade, barriga de aluguel e os limites morais da doação de óvulos. O filme é classificado como comédia dramática mas de humor tem pouca coisa, talvez algumas cenas mostrando o quotidiano melancólico e um tanto quanto ridículo de casais que vivem em clínicas de fertilização: a coleta de sêmen diante de uma tela com filme pornô, as piadinhas sem graça e constrangedoras dos médicos e a cara de desgosto dos pacientes.

Paul Giamatti e Kathryn Hahn estão brilhantes como o casal unido pelo objetivo de formar uma família, pela esperança e  frustrações. Ela, de ser uma escritora que ainda aguarda o sonhado lançamento do livro que passou a vida escrevendo, e ele, um diretor de teatro que tem de se contentar com uma empresa de picles artesanais. A incerteza dos acontecimentos se reflete nas feições sempre tensas, sem viço e quase à beira de um ataque de nervos.

A diretora e roteirista Tamara Jenkins (que foi indicada ao Oscar de melhor Roteiro Original por “A Família Savage”) é uma excelente cronista de sofrimentos familiares e dilemas da classe média e média-alta americana, que nem sempre atinge o sucesso, ou se atinge, ele  acaba custando muito caro.

A cena final é tocante e encerra a trama com um aperto no coração.


Super Vale Ver !






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