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PiTacO do PapO - 'Noite de Lobos' | 2018

NOTA 8.5

Sobre adultos e lobos...

Por Rogério Machado 




'O Homem é o lobo do homem..'  a célebre frase do filósofo inglês Thomas Hobbes,  de certa forma se encaixa bem nesse suspense recém chegado à Netflix. Muito embora entenda que a trama apresente muito mais do que uma frase possa resumir, em linhas gerais, o filme sob a direção Jeremy Saulnier, narra pelas entrelinhas de um thriller denso e sombrio, uma história de egoísmo e dilaceração do comportamento, da mente, e claro, de toda e qualquer possibilidade de sentimento.   


O longa apresenta a história de Medora Stone (a bela Riley Keough, de  'Ao Cair da Noite'), que escreve para o especialista em lobos Russell Core (o ótimo Jeffrey Wright, da série Westworld), para relatar que seu filho foi arrastado e levado embora por um grupo de lobos famintos e que ela quer vingança. Vivendo em um remoto assentamento ao norte do estado, Medora não passa muita confiança (ou mesmo sanidade) para Russell, entretanto, como sua filha a quem não vê há muito tempo reside em Anchorage (município próximo do local), ele decide aceitar o trabalho usando como desculpa a visita para sua filha.

A primeira parte do filme tem a assombrada elegância de uma história de fantasmas à moda antiga, onde Russell, o escritor recém chegado ao local, passa a noite na casa de Medora e testemunha seu sonambulismo e um inexplicável comportamento noturno. Deste ponto em diante, o longa se aventura em uma série de inesperadas direções: Russell se dirige à mata ao redor da região e testemunha o comportamento estranho dos lobos, e quando retorna à vila descobre que uma nova tragédia aconteceu, e que Medora está agora desaparecida.


Ainda na introdução, Saulnier joga a narrativa para o Oriente Médio, numa guerra, onde o marido da mulher desaparecida, Vernon (um sinistro Alexander Skarsgard), se envolve em um angustiante duelo que resulta em sua ida para casa. Esta sequência tensa e perturbadora estabelece Vernon como um assassino silencioso com seu próprio código moral e uma perigosa instabilidade psicológica. Esse é outro ponto de apoio para que a direção intensifique a tensão através não só da busca pelo menino levado pelos lobos, mas também pela caça do marido pela mulher que outrora revelara um comportamento estranho. 

Saulnier conduz seu filme num compasso mais lento, explorando a imensidão e a monotonia da neve, sequências longas de silêncio e poucas com ação propriamente dita. O cineasta cria um clima de mistério e dúvida no ar, que no final deixa mais perguntas do que respostas, contudo, promove uma reflexão interessante sobre o curso da humanidade -Estaríamos nós abrindo concessões demais e nos igualando ao comportamento dos animais? 

'Noite de Lobos' está disponível na Netflix desde a última sexta, dia 29.


Vale Ver !


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