PiTacO do PapO - '3 Faces' | 2018
NOTA 8.5
Por Rogério Machado
Por Rogério Machado
Prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes 2018, '3 Faces' é mais uma das boas surpresas na abordagem e no modo de fazer cinema daquele lugar. Quem aprecia o cinema iraniano sabe que o foco é sempre discutir tabus e assuntos internos daquele povo, como a política, o comportamento e a maneira que se relacionam uns com os outros. O filme foi um dos grandes destaques na mostra Panorama do Cinema Mundial no Festival do Rio esse ano.
Nos papéis de si mesmos, o diretor Jafar Panahi e a popular atriz iraniana Behnaz Jafari viajam de carro até uma região rural no Irã, na tentativa de socorrer uma jovem proibida, pela família e por autoridades locais, de estudar em um conservatório de teatro na capital Teerã. Os dois não demoram a descobrir que a hospitalidade local pode ser ameaçada pela vontade de proteger antigas tradições.
Logo na abertura, uma imagem caseira mostra a jovem se lamentando da falta de resposta da atriz, depois de inúmeros pedidos de ajuda, e anunciando seu suicídio. Vídeo esse que é repetido por diversas vez enquanto Jafari se pune por não ter recebido nenhum pedido de ajuda ou quem sabe não ter se lembrado de um. Á partir daí, a trama ganhará tons dramáticos que colocarão o espectador em dúvida (assim como os personagens) sobre a veracidade dos fatos.
A atitude dos habitantes locais no filme é consistente com o que ainda acontece na região: os costumes e tradições são preservados, e as mulheres, como bem sabemos, devem obedecer aos homens e a cultura machista cultivada naquele povo. Cumpre-se a função social em denunciar - como de costume na cinematografia iraniana - os ultrajes nessa tradição. A mensagem é clara, mas o grande barato de '3 Faces' é não torná-la densa ou sisuda por isso: o filme assume variados gêneros e encontra espaço no humor para fazer crítica e auto-crítica. Esse é inclusive um dos pontos marcantes na trama de Panahi, que apesar do baixo orçamento e da proibição legal de fazer cinema em seu país, continua burlando as regras com uma criatividade ímpar.
Vale Ver !
Logo na abertura, uma imagem caseira mostra a jovem se lamentando da falta de resposta da atriz, depois de inúmeros pedidos de ajuda, e anunciando seu suicídio. Vídeo esse que é repetido por diversas vez enquanto Jafari se pune por não ter recebido nenhum pedido de ajuda ou quem sabe não ter se lembrado de um. Á partir daí, a trama ganhará tons dramáticos que colocarão o espectador em dúvida (assim como os personagens) sobre a veracidade dos fatos.
A atitude dos habitantes locais no filme é consistente com o que ainda acontece na região: os costumes e tradições são preservados, e as mulheres, como bem sabemos, devem obedecer aos homens e a cultura machista cultivada naquele povo. Cumpre-se a função social em denunciar - como de costume na cinematografia iraniana - os ultrajes nessa tradição. A mensagem é clara, mas o grande barato de '3 Faces' é não torná-la densa ou sisuda por isso: o filme assume variados gêneros e encontra espaço no humor para fazer crítica e auto-crítica. Esse é inclusive um dos pontos marcantes na trama de Panahi, que apesar do baixo orçamento e da proibição legal de fazer cinema em seu país, continua burlando as regras com uma criatividade ímpar.
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