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PiTacO do PapO - 'Happy Hour - Verdades e Consequências' | 2018

NOTA 8.0

Mundo moderno 

Por Rogério Machado


'Desejo, necessidade , vontade...' a famosa música dos Titãs que coloca cada verbo nos seu devido lugar, poderia ser boa tônica para uma das muitas interpretações que se possa ter sobre 'Happy Hour: Verdades e Consequências', filme de estreia do diretor Eduardo Albergaria, que viu a luz das telas pela primeira vez na Première Latina do Festival do Rio deste ano. Dizem que por aí que amar também é uma atitude política, e, com muita inteligência, Albergaria junta esses dois mundos num filme leve, divertido e instigante.  


Na trama, após um incidente, Horácio (Pablo Echarri), um professor universitário, muda completamente suas perspectivas de vida e após conhecer uma aluna, Clara (Aline Jones), decide confessar para sua esposa, Vera (Letícia Sabatella), que deseja ter relações com outras pessoas, resumindo: abrir a relação, mas somente com o consentimento da esposa. Confusa e inserida em um momento profissionalmente complicado - que consiste em  se eleger prefeita da cidade do Rio de Janeiro - ela não gosta da ideia mas percebe que precisa, mais do que nunca, continuar seu casamento, ou pelo menos manter as aparências para que sua carreira política não degringole. 

Ambientado em grande parte no simpático bairro da Urca, no Rio de Janeiro, essa comédia dramática promove um debate interessante sobre  desejo e  fidelidade. Desejar alguém pode ser considerado traição? Ao propor o assunto, o diretor acentua as diferenças entre homens e mulheres no que diz respeito ao comportamento sexual, a maneira como cada um lida com uma relação, entre outros detalhes. Misturado à isso tudo, está o conceito da imagem, e é aí que a política entra para apimentar a trama: Horácio se envolveu no incidente citado e saiu dele como um herói. Dessa forma, logo logo o marketing da campanha de  Vera, encabeçado por Arlindo (Chico Diaz), cresce os olhos e vê a oportunidade de ouro ao linkar a vida pessoal da candidata com seu momento na política. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. 

Entre tudo que se possa dizer sobre o longa de Albergaria, a mensagem sobre falar a verdade e estar preparado para o que vem a seguir , é um dos pensamentos mais fortes que teremos ao analisarmos com mais profundidade a história. O filme de Eduardo Albergaria - em sua primeira incursão na direção de um longa metragem de ficção - diverte, mas faz muito mais que isso: mostra a hipocrisia da sociedade (e do meio político) dentro de uma comédia romanticamente dramática... ou seria dramaticamente romântica?  

Vale Ver !


*Direto do Festival





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