PiTacO do PapO - 'A Balada de Buster Scruggs' | 2018 Crítica 2
NOTA 10
Por Karina Massud @cinemassud
Os Irmãos Coen tem um estilo bem próprio e fazem filmes que costumam dividir opiniões ao extremo: ou você os ama ou os odeia. “A Balada de Buster Scruggs” (produção em parceria com a Netflix) certamente irá se enquadrar na primeira categoria pois é impossível não gostar de pelo menos um dos contos dessa coletânea sobre o Velho Oeste americano que têm um denominador em comum: a morte e o quão ridícula é nossa mortalidade.
Das 6 historietas contadas 3 se destacam: a primeira, que dá nome ao longa, é sobre o cowboy tido como imbatível, Buster Scruggs, que em suas caminhadas no deserto cantarola sobre tudo e sobre todos. Ele é dentuço, usa roupas cafonas, caricatas e imaculadamente brancas (como se isso fosse possível naquele cenário empoeirado, seco e sujo), o que o distingue mais ainda em meio a tantos cowboys imundos, mau cheirosos e de dentes podres. Trata-se de um faroeste de absurdos, uma comédia de tontices muito engraçada e com tudo a que um western tem direito: saloon, jogo de pôquer, duelo e terra sem lei.
Em “Vale Refeição” o humor dá lugar à melancolia e tragédia na história de dois artistas, um deles sem os braços e as pernas, que ganham a vida cruzando o Oeste numa carroça e fazendo seu show prum público cada vez mais minguado. Esse conto é de deixar qualquer um mortificado, tanto pelas lindas atuações como pelo desfecho. E finalmente a última história, “Os Restos Mortais”, que tem um tom lúgubre , sádico e misterioso, onde personagens bem diferentes entre si (um caçador de recompensas com um cadáver, um homem de vida selvagem, uma carola rígida e um francês bon vivant) se digladiam verbalmente durante uma longa viagem de carruagem.
Já me atrevo a colocar esse filme entre os melhores de Ethan e Joel Coen, junto de “O Grande Lebowiski” ( filme de 1998 hoje considerado um cult) e “Onde Os Fracos Não Tem Vez” (longa de 2007 ganhador de 4 Oscars, inclusive o de Melhor Filme). Um elenco de peso, roteiro muito bem filmado, ótima trilha sonora, imagens belíssimas do deserto, pradarias e planícies e todos os elementos característicos dos filmes dos Coen, humor negro, violência, pessoas excêntricas e finais inusitados (que nem sempre agradam o espectador). Tudo isso me fez dar a nota máxima a essa divertida antologia.
Super Vale Ver !
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