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PiTacO do PapO - 'No Portal da Eternidade' | 2018

NOTA 9.0

Por Rogério Machado 


Premiado no Festival de Veneza, 'No Portal da Eternidade', recebeu um bombardeio de críticas quanto à escalação de Willem Dafoe pra dar vida à Vincent Van Gogh. Tudo em função do ator estar com 63 e a produção abordar o pintor com seus 37 anos. Quanto às críticas, o ator saiu em sua defesa: “Em primeiro lugar, não é uma cinebiografia comum”, continuou o ator. “E em segundo: eu fiquei surpreso que ele tinha só 37 anos e eu procurei e pesquisei sobre a expectativa de vida na França do século XIX. 40 anos! Agora é 70 anos. Então, sem ser muito bonitinho sobre isso, os 70 anos de hoje eram os 40 daquela época”. ​

Com polêmica ou sem polêmica, o que importa é que o filme de Julian Schnabel (do poético 'O Escafandro e a Borboleta' -2007), tem Dafoe e está entre nós, quer dizer, quase entre nós:  o filme está no circuito do Festival do Rio e em fevereiro de 2019 chega comercialmente ao cinemas. 


A história se concentra nas aldeias de Arles e Auvers-sur-Oise, onde se refugiou para escapar das pressões de Paris, o pintor Vincent van Gogh (Dafoe). Ele é tratado gentilmente por alguns, mas rispidamente por outros. Madame Ginoux (Emmanuelle Seigner), proprietária do restaurante local, tem pena de sua pobreza e lhe dá um livro de contabilidade, que ele preenche com desenhos. Seu amigo e artista Paul Gauguin (Oscar Isaac), após uma convivência intensa, se afasta. Seu amado irmão e negociante de arte, Theo (Rupert Friend), é inabalável em seu apoio, mas nunca consegue vender uma única pintura de Vincent, tendo então que ajudar o irmão financeiramente. 

O melhor amigo de Van Gogh, Gauguin, (que ganhou uma cinebio recentemente) é inspiração e esteio para ele. Parte de seus momentos de sobriedade se  davam por conta da presença do amigo e artista, já o irmão era a referência familiar que funcionava com um 'ninho' para ele. 

No que diz respeito à abordagem, as lentes de Schnabel apostam nos extremos para desvendar a alma do artista: a câmera na mão, movimentada inquietamente quando da escolha das tintas e do alvo de sua pintura, dá lugar à longos planos contemplativos com uma fotografia limpa e iluminada à medida em que nos aprofundamos na intimidade desse homem.  A captação desses estados de espírito multifacetados do mestre são com certeza o que de melhor veremos no longa, que tem o amparo de uma atuação sóbria e intensa de Dafoe, que, ouso dizer, estar no melhor momento de sua carreira. 

Van Gogh era inseguro, insano e instável, mas tinha total consciência de seu talento, e seu consolo era saber que não era um artista que iria alcançar êxito em seu tempo. Essa nação de futuro, parece ser mesmo comum aos gênios, assim como a intensidade que são incompreendidos. A cinebio, de texto primoroso e imersivo, faz jus à grandeza desse ícone que com toda certeza ainda será muito retratado no cinema. 


Super Vale Ver !


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