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PiTacO do PapO - 'O Ódio Que Você Semeia' | 2018

NOTA 7.8

Por Rogério Machado


Baseado na obra da autora Angie Thomas, 'O Ódio Que Você Semeia' , mais um dos grandes destaques do Festival do Rio que chega em circuito comercial no início de dezembro, tem um recado de extrema necessidade em tempos de intolerância, racismo e ódio. Patologias sociais que tem tomado tudo e todos ao redor do globo. É com o discurso de ir na contra-mão disso tudo, que George Tillman Jr, (do excelente 'Homens de Honra' - 2001), abraça o projeto e consegue reverberar a mensagem com eficácia.


No drama conheceremos  a jovem Starr Carter (Amandla Stenberg), que é uma adolescente negra de dezesseis anos que presencia o assassinato de Khalil, seu melhor amigo, por um policial branco, que pensava que o rapaz estava armado. Ela então é pressionada a testemunhar no tribunal por ser a única pessoa presente na cena do crime. Mesmo sofrendo uma série de chantagens e ameaçada pela gang local, ela está disposta a dizer a verdade pela honra de seu amigo, e fazer justiça custe o que custar.

Os protestos contra os crimes de racismo explodiu nos E.U.A com a morte de um jovem negro, Anthony Lamar  Smith,  no estado do Missouri em 2014. É fácil entender portanto o interesse da literatura e do cinema sobre o assunto. Sempre digo que a função social da tela grande funciona em grande escala pelo alcance que uma obra cinematográfica tem. Tillman encara o desafio e absorve o tom de protesto da obra, que sai do lugar comum por adotar uma pegada juvenil, como temos visto muito ultimamente, quase sempre com muitos acertos muito em função da figura do protagonista, e em 'The Hate U Give' (no original, cuja abreviação virou um termo muito usado na cultura pop - o chamado 'THUG Life'- que quer dizer 'vida bandida') , a escolha do elenco juvenil, principalmente pela atriz Amanda Stenberg, se confirma como outro ponto favorável ao projeto.

Não resta dúvida que falar diretamente ao público num momento como esse (no Brasil e no mundo) seja essencial, e o cinema é um bom instrumento para isso. Entretanto, o excesso de dramaticidade soa over e desnecessário. Não entendemos o porque de tanta resistência, por parte da garota e da família, em contribuir como testemunha - que no final das contas seria protestar em causa própria. Na prática, esse prolongamento de sequências dramáticas , deixa a trama demasiadamente cansativa na segunda parte. Porém, há de se considerar a força e a facilidade com que a obra conversa com seu público. A empatia é inegável e o recado é cristalino.


Vale Ver!


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