Adsense Cabeçalho

PiTacO do PapO - 'Chá com as Damas' | 2018

NOTA 9.0

Experiência e empatia

Por Rogério Machado


Eileen Atkins, Judi Dench, Joan Plowright e Maggie Smith. Todos sabemos que as quatro dramas do título, são atrizes inglesas fantásticas e com carreiras indefectíveis (ou bem perto disso - quem não comete deslizes na vida pessoal ou profissional?). O que muita gente não sabe é que essas grandes mulheres são amigas íntimas e que dividem não só o talento umas com as outras mas também uma vida inteira, além de se reunir de tempos em tempos para contar casos e dividir segredos. Em 'Chá com as Damas', o responsável por registrar em vídeo essa reunião é o cineasta Roger Michell (do aclamado 'Um Lugar Chamado Nothing Hill').


No documentário, que está longe do luxo dos sets de cinema e da tevê, as atrizes, que somam três Oscars, seis Globos de Ouro e 16 Baftas e várias indicações, batem um descontraído papo sobre a carreira, a vida e a amizade que as une. Dessa forma, ficamos sabendo mais sobre a insegura estreia de Judi Dench como atriz; os medos de Maggie, os casos engraçados de Joan, e como Eileen rejeitou o papel de Cleópatra nos palcos por não se achar bonita o bastante. 

Conduzir quatro veteranas em momentos tão descontraídos poderia representar um perigo não fosse o talento de Michell e sua intimidade com as damas. O que se vê é uma conversa conduzida de modo muito natural e sem firulas - a simplicidade e a maneira como as atrizes demonstram total descompromisso em se portar diante das câmeras, nos convida pra dentro da história - logo na abertura, já estamos de olhos e ouvidos bem atentos à tudo o que cada uma delas tem pra contar. Não há como não se curvar ao histórico dessas damas (título recebido pela Coroa Britânica), e apesar de sabermos do peso dessas mulheres na arte que escolheram, a empatia logo surge ao nos depararmos com pessoas comuns, que vão se despindo dos títulos e se revelando para o público, com suas inseguranças e fracassos. 

O que surpreende (afinal estamos numa tradicional produção inglesa) é o tom bem humorado que domina quase todos os 90 min do projeto. Com declarações hilárias e curiosidades engraçadas narradas pausadamente e com raro bom gosto, será impossível não se pegar gargalhando em diversos momentos. Contudo, mesmo permeado pelo bom humor, o diretor reserva tempo para falar sério com suas meninas: estão em voga papéis perdidos, a evolução, o machismo enfrentado, amores, casamento, a velhice, a morte. Para dar um charme a mais, as lembranças são ilustradas por imagens de arquivo da carreira dessas divas que afirmam que não pretendem parar tão cedo... E que os deuses do cinema digam 'amém'. 


Super Vale Ver ! 






Nenhum comentário