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PiTacO do PapO - 'Creed 2' | 2019

NOTA 8.0

Um delicioso feijão com arroz

Por Vinícius Martins @cinemarcante 


Quem conhece e acompanhou a trajetória de Rocky Balboa, ícone do cinema mundial a quem Sylvester Stallone deu vida (interpretando e escrevendo), sabe como o mundo do boxe mudou após a sua criação. O cinema funciona, enquanto veículo criador de tendências, como uma catapulta para exaltar o indivíduo comum em suas histórias comuns. Na década de setenta fez exatamente isso com o boxe ao disseminar a figura de Rocky em seu primeiro filme, que venceu o Oscar logo em seguida, e faz agora com Creed, personagem que ganha seu segundo filme com todos os louvores possíveis ao apelo nostálgico de uma boa execução.


Assistir a ‘Creed 2’ é revisitar a jornada do herói - ou, nesse caso, a jornada do campeão. Quem conhece a cartilha sabe o que acontece antecipadamente, e aqui esse traço não é ruim; serve para acentuar o drama e dar aos espectadores o conforto de uma história clássica e previsível de aprendizado e superação, sem facilitar a caminhada só porque o destino dela é evidente. Há uma boa construção narrativa, nada inovadora, mas extremamente convencional e prática. O público é situado com maestria no andamento das lutas, seja da arquibancada ou de dentro do ringue, junto com os lutadores, quando a fotografia escolhe os movimentos acelerados  do ângulo em primeira pessoa para dar a quem assiste a mesma noção de reflexo que se exige de um lutador atuando.

Há uma humanidade crescente no protagonista de Michael B. Jordan, e as emoções que se expressam em seu rosto são refletidas com exatidão pela trilha sonora majestosa, formada pela glória da força dos metais e pela introspecção da delicadeza das cordas. Informando ao público o que Jordan e os demais expressam sem usar palavras, a sonoridade inteligente - que evolui com o personagem e cala quando necessário - dita a emoção dos espectadores e os conduz em uma dança sentimental rumo ao conquistar da razão de se viver, que vai além de uma mera batalha pela vingança.

Apesar de não fugir dos clichês e não surpreender na crueza ortodoxa do significado da palavra, 'Creed 2’ acalenta o coração dos fãs e presta homenagens belíssimas às jornadas anteriores. É um filme fácil, mas imensuravelmente agradável. No entanto, a produção não se destaca só pela excelência em fotografia e coreografia ou nos fan-services que distribui em seu tempo, não; ele é um ótimo entretenimento, capaz de fazer levantar a plateia do cinema ao transformar a sala em arquibancada, e cala as dezenas de vozes presentes ao embalar os batimentos do coração de quem o assiste com um poder de empatia quase sobrenatural - empatia que se faz valer tanto para quem vence quanto para quem perde. Se esse não é o verdadeiro poder da magia do cinema, então não sei dizer o que é.


Vale Ver !



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