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PiTacO do PapO - 'Homem Aranha no Aranhaverso' | 2019

NOTA 10 

De volta aos lares...

Por Vinícius Martins @cinemarcante


Quando Miles Morales surgiu nos quadrinhos, em 2011, assumindo o manto do Homem-Aranha após a morte de Peter Parker no universo Ultimate, a Marvel foi alvo de muitas críticas - positivas e negativas - acerca da etnia do herói. Um Homem-Aranha negro pareceu um truque “apelativo”, como se criado apenas para atrair o público afro-americano; mas logo sua popularidade cresceu e soube-se que a produção de um filme protagonizado por Miles aconteceria, inevitavelmente. No entanto, um enorme porém foi se erguendo com o passar dos anos: como desvincular Peter Parker do imaginário coletivo linkado ao uniforme do teioso? Afinal, filmes protagonizados por Parker eram constantemente feitos, e o seguinte foi lançado já em 2012, ganhando sequência em 2014 e passando por mais um reboot a partir de 2016. A resposta, meus amigos, veio pelo imaginário de Phil Lord e Chris Miller, dupla responsável pela genialidade de 'Uma Aventura Lego’, de 2014, e que produzem esta animação do Cabeça-de-Teia ao lado de Amy Pascal e Avi Arad. A premissa é simples: juntar várias versões do Aranha em um universo só.


Há uma tonelada de homenagens no decorrer do filme, desde a primeira capa de todas as HQs até o famoso cameo de Stan Lee, passando pela igualmente famosa frase “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, dita em inglês pela voz original do finado Cliff Robertson, que deu vida ao primeiro Tio Ben, lá em 2002. Com um peso equivalente, os clichês das múltiplas versões do Homem-Aranha enchem a tela enriquecendo o público com cultura audiovisual. Estão lá o Noir, com uma pegada mais sofrida e “adulta”, parece por vezes ter vindo de Sin City; a japonesa, com todos os traços de anime; e o consagrado Porco-Aranha, que é um triunfo ao trazer todos os clichês cartunescos das antigas animações que passavam na televisão nas manhãs de domingo (o uso de um martelo gigante que cabe no bolso é o melhor exemplo que me vem a cabeça). Juntando a eles as animações 3D que são Gwen Stacy, Parker e Morales, criou-se uma das mais incríveis cenas de batalha em filme animado já vistas.

Além da magnífica interação entre essas diferentes categorias do gênero, ainda existe uma belíssima cena de contemplação espacial que recorda de imediato o clássico ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’, e também o uso de balões de diálogo e onomatopeias como as vistas em 'Scott Pilgrim vs O Mundo’. São tantas referências que muito provavelmente só os adultos, velhos fãs do herói e de suas várias versões, irão conseguir entender. Os vilões aqui são caricatos, desproporcionais, enormes, dando ao público a exata dimensão do tamanho da ameaça que representam. E a cena onde Miles controla os próprios poderes coloca no bolso todas as versões cinematográficas anteriores, com uma fotografia exuberante e uma trilha que reverbera tão forte que a intensidade faz o chão tremer; tudo para dar o devido impacto que a ocasião merece. A única ressalva, se é que de fato existe uma, é o incômodo que algumas pessoas podem sentir com os contornos da animação, principalmente para pessoas e itens em segundo plano; por vezes parece que há traços sobre traços, como se o desenho tivesse sido feito a mão, e na tela faz parecer que o 3D está dando defeito - mas não é problema, o filme é assim mesmo.

Com uma história diferente e um estilo despojado, 'Homem-Aranha no Aranhaverso’ se faz uma obra cativante, exprimindo a jornada do herói com os erros e acertos de todo e qualquer teioso - inclusive as tradicionais teias que vão para lugar nenhum e grudam, como se tivessem atingido o céu em algum ponto pouco acima do limite do quadro; e isso é muito bom!

Super Vale Ver !


PS: uma cena após os primeiros créditos irá fazer quem é fã sair da sala com o coração reconfortado, em uma breve homenagem a Stan Lee e Steve Ditko.


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