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PiTacO do PapO - 'A Nossa Espera' | 2018

NOTA 8.5

Por Rogério Machado


'A Nossa Espera', selecionado na Semana da Crítica de Cannes 2018 e que foi destaque no último Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, aborda um tema que vez por outra é mostrado nas telas: a readaptação de uma família face a ausência do progenitor. O  longa do diretor Guillaume Senez trata com extrema sensibilidade o ínterim dramático da falta que uma mãe faz para sua prole e como tudo se organiza como o passar do tempo. 


No drama conheceremos Olivier (Romain Duris). Ele faz parte de um sindicado de trabalhadores, é politizado, e um dedicado funcionário  de uma fábrica, onde volta e meia bate de frente com seus superiores para defender os colegas de trabalho. Um dia, ele é surpreendido com o súbito desaparecimento de sua esposa, Laura (Lucie Debay). Sem saber o que aconteceu nem para onde ela foi, Olivier precisa conciliar o trabalho com a criação de seus dois filhos, Elliot (Basile Grunberger) e Rose (Lena Girard Voss). 

Para isso ele também irá contar com a ajuda de sua mãe, uma avó carinhosa, e sua irmã Betty (Laetitia Dosch). Essa última acaba quebrando a aura dramática e conferindo leveza e até certo humor na narrativa - esse passa a ser o ponto fora da curva no roteiro de Senez e Raphaëlle Desplechin, que não se apoia nos clichês, muito comuns no gênero, para contar essa história. Apesar da dor intrínseca no texto, o drama não é piegas ou lacrimoso, toca sem pesar a mão, dá o recado sem apelar para artifícios dramáticos baratos. 

Impressiona no filme a desenvoltura dos atores mirins, tanto na primeira parte, - quando a mãe ainda era presença constante -, cujas histórias contadas para as crianças dormirem pareciam anunciar sua saída de cena, e mais ainda na segunda parte quando a ausência dessa mãe foi tomando conta do dia a dia deles, desde o preparo para a escola até os momentos que antecediam a noite de sono. Essa realidade, da necessidade de se desconstruir e de se reinventar para uma nova realidade,  é abordada com profundidade e grande empatia por Senez, que retrata com delicadeza os reflexos do abandono. 


Vale Ver !






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