PiTacO do PapO - 'Polar' | 2019

NOTA 7.0

Por Karina Massud @cinemassud

Se você é fã de filmes que têm muita, mas muita violência gráfica, tripas, sangue, tortura e olhos saltando e também é fã do ator Mads Mikkelsen, “Polar” é o filme pra você! O lançamento da Netflix nessa última semana de janeiro é um longa baseado nos aclamados quadrinhos do cartunista espanhol Victor Santos, “Polar: Came From The Cold”.  A trama conta a história do assassino Duncan Vizla, o Kaiser Negro (Mads Mikkelsen, conhecido do grande público pela série "Hannibal"), considerado imbatível e o melhor de todos, e por isso fez fortuna e resolve se aposentar para viver uma vida pacata numa cabana no meio da floresta. Só que seu chefe decide que não irá pagar sua aposentadoria e para isso manda uma equipe de matadores para eliminar o rei de todos os assassinos.

A primeira metade do filme vai muito bem, seguimos o início da aposentadoria  de Duncan, sua amizade com a vizinha e adaptação na nova cidade,  tudo é ágil, coerente e interessante. Já na segunda metade tudo desanda e parece que começamos outro filme. O roteiro é fraco e com vários furos: afinal, o  chefão da firma de assassinos lucraria somente com a morte de seus empregados compulsoriamente aposentados aos 50 anos? Argumento bobo. 

O diretor Jonas Akerlund, renomado e premiado pela direção de videoclipes (Madonna, Lady Gaga, Beyoncé, Moby, U2, para citar apenas alguns) imprimiu o mesmo estilo no longa: visualmente frenético e exuberante, com cortes rápidos, muita ação insana e muitos elementos gráficos nas cenas de violência. Um excesso que agrada aos fãs do gênero.

Infelizmente a trama como um todo se parece com uma caricatura requentada do matador “bicho-papão” John Wick (da saga estrelada pelo Keanu Reeves), faltando elegância e sofisticação em tudo: nos colegas de trabalho com roupas e visual bizarros (que acredito serem como nos quadrinhos), no cenário, e até no chefe gordinho que se veste de amarelo da cabeça aos pés e unhas,  que não é assustador, mas sim risível. A impressão é que os matadores junior saíram de um desenho animado pro mundo real, sombrios e cobertos de neve do protagonista.

Mads Mikkelsen carrega o filme, ele é brilhante sempre, com sua frieza, gestos calculados e leve emoção em closes no olhar tristonho de quem tem alguma dívida no passado, isso sem falar na destreza nas cenas de luta. O desfecho traz um plot twist que não chega a surpreender o espectador mais atento.

Vale Ver !