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PiTacO do PapO - '55 Passos' | 2018

NOTA 8.0

Por Rogério Machado


'55 Steps', ou '55 Passos' no literal, apesar de ter duas grandes atrizes e pegar o tendencioso gancho do 'baseado em fatos reais', não passou pelas salas de cinema brasileiras. O filme por aqui foi direto para a plataforma de filmes on demand Looke. É uma pena que muitos filmes se percam no caminho da distribuição, e o longa com a direção do cineasta Bille August (mais conhecido por 'Trem Noturno para Lisboa' - 2013) é mais um desses exemplos. É claro que podemos esperar algo de um elenco como esse (incluindo o excepcional Jeffrey Tambor), mas o longa também tem algo a dizer, muito por revelar um momento importante na história do tratamento a doentes mentais. 


No drama , Helena Bonham Carter é Eleanor Riese,  uma mulher que decide correr atrás de seus direitos enquanto paciente em um hospital para doentes mentais: após muitos anos de um longo e complexo tratamento psiquiátrico, ela decide batalhar na justiça para que outros pacientes possam ter voz durante o processo, sem que eles sofram possíveis abusos de médicos. Para isso, Eleanor receberá a ajuda da advogada Colette Hughes (Hilary Swank), que fará de tudo para vencer essa dura corrida judicial. 

O caso jurídico apresentado em '55 Passos' mudou a história no que diz respeito ao relacionamento entre médicos e pacientes no tratamento psiquiátrico. A petição dizia que além de um melhor emprego dos medicamentos, o diálogo seria imperativo para que através desse relacionamento surgisse liberdade para o paciente dizer o quanto determinado medicamento estava sendo administrado além do necessário. Para ilustrar o quão urgente foi essa intervenção, a direção opta por abrir o longa com uma sequência pesada bem no meio de um processo medicamentoso onde muita violência é infringida ao paciente. No centro das atenções dessa cena grandiloquente, Helena Bonham Carter, (uma das atrizes mais incompreendidas do showbiz) em uma atuação que enche a tela do início ao fim, mas nem por isso rouba a cena de Swank, muito sóbria , num papel que se contrapõe e se complementa ao personagem esquizofrênico dado a Bonham Carter.

Como não poderia deixar de ser, (alguns podem ver como um defeito), o longa apela para o sentimentalismo ao apostar na amizade entre a advogada sem traquejo e a cliente louca e cheia de empatia. Se a amizade também existiu na realidade,  não temos como saber, mas ainda bem que temos duas atrizes do quilate de Bonham Carter e Swank para dar veracidade ao que nos é apresentado como vida real. Se não pela forma como a trama é contada, o longa de August já vale a sessão pelo duelo de atrizes que proporciona, assim como a descoberta de uma virada histórica dentro da medicina psiquiátrica. 


Vale Ver !




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