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PiTacO do PapO - 'Border' | 2018

NOTA 8.5

Um drama exótico e intrigante

Por Karina Massud @cinemassud


Quando comecei a assistir a “Border”,imaginei que seria algo como um “Extraordinário” na versão sueca, com uma trama sobre pessoa com deformidade que se sobressai devido a qualidades inusitadas. Mas me enganei redondamente!!! O filme, adaptado da obra de John Ajvide Lindqvist (que também escreveu o livro e roteirizou outro filme estupendo, “Deixe Ela Entrar”) é único e diferente de tudo que já vi, uma mistura criativa de mitologia nórdica com crime, cenas bizarras e algumas nojeirinhas, com um roteiro que se desenrola de forma  imprevisível e envolvente. É preciso assistir para conferir pois é difícil falar mais sem entregar spoilers. Mas vamos à resenha crítica desse filme surpreendente.


Tina é uma funcionária da alfândega de um porto que nasceu com um rosto fora do padrão: testa grande e proeminente, dentes saltados feito um homem de neandertal, muitas marcas na pele e o corpo peludo ( numa maquiagem incrível que mereceu a indicação ao Oscar de Melhor Maquiagem e Penteado). Ela foi atingida por um raio e (talvez por isso) tem um faro incomum, o que a torna única e muito útil em seu trabalho,  pois ela fareja gente que cometeu um crime, que traz contrabando ou mente para a polícia, enfim, percebe tudo o que há de errado no ar.

Os personagens são aparentemente pessoas comuns, mas à medida que o filme avança eles se revelam emocionalmente complexos: a protagonista que vive uma vidinha medíocre auto-imposta devido a sua aparência monstruosa, seu (não se sabe ao certo) “namorado” que vive com ela por não ter outra opção e seu pai que está à beira da demência numa clínica, e esconde a origem da adoção da filha a sete chaves . Tina não se adequa ao mundo por ser hostilizada por sua aparência, até que um dia aparece  Vore, um homem igualmente estranho de quem vira amiga. Uma revelação vem à tona e a vida de Tina se torna uma montanha-russa de emoções, ela vai da depressão costumeira à uma felicidade antes desconhecida.

A trama é um mix de horror, fantasia e drama quase que inclassificável, onde cada gênero está muito bem dosado nessa combinação que deu muito certo. Nem polêmicas ficaram de fora: diversidade sexual, pedofilia, padrões de beleza e preconceitos diversos, tudo trabalhado de maneira a perturbar o espectador, chocá-lo e deixá-lo sem reação. O final é tocante e bem coerente com o resto dessa fábula moderna.


Vale Ver !



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