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PiTacO do PapO - 'Minha Fama de Mau' | 2019

NOTA 7.5

Por Rogério Machado 


A história da música popular brasileira é marcada por diversos movimentos que foram ditando moda, comportamento e funcionando como uma espécie de divisor de gerações: a Bossa Nova nos anos 50 e 60, precedida da febre do rock influenciado pelos americanos com a Jovem Guarda, e em seguida, coincidindo com  o advento da ditadura, o movimento da Tropicália, pegando carona  no movimento hippie ente os anos 60 e 70, que acontecia em diversas partes do mundo. É pautado nessa linha do tempo, que Lui Farias , baseando-se no livro de Erasmo Carlos, apresenta a cinebio daquele que ainda é conhecido como Tremendão. Em 'Minha Fama de Mau', que chegou essa semana aos cinemas, a história do melhor amigo do rei Roberto Carlos se mistura ao 'Iê Iê Iê', o bom e velho rock na linguagem de Erasmo e sua trupe. 


Desde muito jovem, Erasmo Carlos (Chay Suede) alimenta uma paixão: o rock and roll. Fazendo pequenos bicos e cometendo furtos  com seus amigos (entre eles Tião, que mais tarde ficou conhecido como Tim Maia) , Erasmo, um fã confesso de Elvis Presley, Bill Halley & The Comets e Chuck Berry, aprende a tocar violão e passa a perseguir a ideia de viver da música. Misturando talento e um pouco de sorte, ele conquista a admiração do apresentador de TV e rádio Carlos Imperial (Bruno de Luca), um cara influente no meio artístico, e através desse contato na rádio que conhece o cantor Roberto Carlos (Gabriel Leone), com quem começa a compor diversas canções. A parceria dá muito certo e o sucesso logo chega, transformando para sempre a vida de Erasmo.

Com toda repercussão do trio, incluindo a famosa Ternurinha, Wanderléia (Malu Rodrigues) que mantinham canções por várias semanas em primeiro lugar nas paradas, chegou o convite: eles ganhariam um programa próprio, o 'Jovem Guarda', com um auditório enlouquecido e músicos de alto nível a disposição das novas sensações da música. Nas sequências musicais, não dá pra não se deixar levar por hits como a canção título, 'Parei na Contramão', 'Festa de Arromba', entre tantas outras. Na recriação da época, tudo praticamente  impecável, com carros , cenários e filmagens originais que  nos transportam de volta (mesmo pra quem não viveu) até os tempos do 'Iê Iê Iê'.

No entanto, no que diz respeito ao conteúdo abordado, assim como a relação com a mãe (Isabela Garcia) e o início do relacionamento de amizade entre ele e Roberto Carlos (o maior 'browmance' da história da música) deixam muito a desejar. Não há profundidade - embora exista empatia entre a dupla protagonista - (a cena em que Roberto está ao piano e oferece a clássica 'Amigo de Fé' ao melhor amigo, é uma das melhores coisas no longa), e a estrutura acaba tornando-se genérica, e dado o que o período representa pra música no Brasil, o filme deixa a sensação de ficar devendo sobre a vida do 'cinebiografado', assim como a transição entre os movimentos culturais e musicais. Convenhamos, dá pra ir além de um figurino pra situar o espectador na trama. 

Contudo, há que se valorizar a trilha sonora e a chance de rememorar (ou conhecer) mais um entre tantos períodos inesquecíveis no país em se tratando de música.  'Minha Fama de Mau' poderia ter ido mais além na apresentação de Erasmo e daqueles que o rodeavam, mas ainda sim é um material que terá um valor considerável na memória do rock n' roll em terras tupiniquins. 

Vale Ver !







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