Adsense Cabeçalho

PiTacO do PapO - 'Tá Rindo de Quê?' | 2019

NOTA 9.5


Por Rogério Machado

Houve um tempo em que fazer piadas de cunho politico era terminantemente proibido. E não parava por aí,  nem precisa ser exatamente direto, qualquer nuance que pudesse representar um desrespeito às autoridades auto-constituídas ou o menor indício de crítica , era vetado. Era a censura que chegava junto com a ditadura nos idos de 1964, que cerceava a liberdade de expressão da imprensa escrita, do teatro, cinema e da televisão. Esse é o ponto de partida do documentário 'Tá Rindo de Quê? Humor e Ditadura' que chega aos cinemas nesse 28 de fevereiro, infelizmente, num circuito comercial bem reduzido. 


Mas foi justamente no período da ditadura militar, mesmo com toda a brutalidade, truculência e obscurantismo inerentes aos regimes de exceção, muita gente fez rir. O humor serviu como arma de resistência, mas também como válvula de escape, criou formas de driblar patrulhas e censuras, revolucionou linguagens, criou, debochou, divertiu, foi perseguido, proibido, encarcerado e, ainda bem, riu por último.

Sob a direção de Cláudio Manoel (mais conhecido por seu trabalho no 'Casseta & Planeta), Alê Braga e Álvaro Campos o longa apresenta uma série de entrevistas com grandes ícones do humor como Ary Toledo, Agildo Ribeiro , Carmem Verônica, Regina Casé, Chico Anysio,  entre tantos outros que quebraram regras e se reinventaram para permanecer na arte que escolheram, ou que foram destinados a fazer: o humor. Mas porque será que fazer rir incomoda tanto? Fácil! Por vezes ele mexeu,(e ainda mexe), no vespeiro político com inteligência e muitas das vezes travestido de ingenuidade, por isso era tão perseguido na época da censura. Qualquer piada aparentemente boba sofria com o 'pente fino' da ditadura militar. 

Exaltando veículos como o icônico 'O Pasquim' (formado por uma elite luxuosa de jornalistas como Paulo Francis, Millor Fernandes e Ziraldo) o doc tem inserções de charges animadas usadas na época, onde a crítica ao sistema era recorrente , que de tão inteligentes, passavam despercebidas pelo censores de plantão. Bingo! Mas o filme também homenageia programas marcantes na tevê como 'Balança, Mas não Cai' e 'Chico City', e até os lendários 'Asdrubal Trouxe o Trombone' e 'Trame-me Leão', trupes de teatro que marcaram época e lançaram nomes como Evandro Mesquita e Luis Fernando Guimarães.

Termino essa resenha com a fala de Paulo César Pereio , um dos reis da Pornochanchada: 'A verdadeira arte corrompe...'  Hoje temos liberdade para escolher o que queremos ver , e o artista, que está do lado de lá, tem liberdade para dar seu recado sem se preocupar em ser reprimido... Oxalá essa liberdade não termine jamais! ... Mil vivas a resistência inspirada pelo riso! 


Super Vale Ver !


Nenhum comentário