PiTacO do PapO - 'Los Silencios' | 2019
NOTA 8.0
Por Rafael Yonamine @cinemacrica
O conflito armado entre milicianos e força oficial Colombiana literalmente empurra a famÃlia de Amparo para as margens dos rios amazônicos em busca de refúgio nas fronteiras entre Brasil, Peru e Colômbia. Esse é o contexto social e geográfico de "Los Silencios". Recebida pela tia numa comunidade pobre situada numa ilha fluvial, a agora viúva que perdera o marido na guerra civil busca formas de sustentar os dois filhos.
Apesar de ter pesados toques autorais, o que pode gerar estranheza para alguns, a obra é um tÃpico caso em que a aura alternativa não serve de apoio para a desculpa do descaso técnico. A direção de fotografia é de notável capricho: são belos e funcionais os enquadramentos que exprimem o cotidiano daquela comunidade ribeirinha. Não são poucos os planos que capturam de forma visualmente rica a essência da pobreza.
O filme abraça a causa dos impactos de conflitos armados na famÃlia. O artifÃcio utilizado pela diretora Beatriz Seigner é a permissividade metafÃsica do trânsito dos mortos no plano real. Cria-se, instantaneamente, a experiência do "como as coisas seriam se a unidade familiar estivesse coesa".
A famÃlia de Amparo é explorada pela diretora nas suas 4 unidades pessoais em diferentes nÃveis de sutileza e funções narrativas: pai, mãe, filho e filha doam sua parcela interpretativa para a construção dessa proposta. Mais do que o recurso da inclusão de falecidos, o desenvolvimento de um desses personagens é de uma sensibilidade Ãmpar. Não quero atrapalhar a experiência de quem ainda não viu o filme, por isso não me alongarei nesse ponto. Apenas repito que é tocante.
A visão romântica, contudo, por vezes esbarra em recursos não funcionais para o movimento de progressão ou aprofundamento psicológico. Ainda assim, se tiver a mente aberta e receptividade para propostas autorais, "Los Silencios" pode ser uma obra válida.
Vale Ver !
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