PiTacO do PapO - 'Mademoiselle Paradis' | 2019
NOTA 6.5
Por Rafael Yonamine @cinemacrica
A beleza pode se manifestar numa infinidade de formas. O viés positivo dessa riqueza seria fértil se os exemplares destoantes, independentemente da via de manifestação, fossem valorizados justamente pelo o que é belo e não por ruÃdos de menor magnitude. Em "Mademoiselle Paradis", o comportamento monárquico europeu do século XVIII é explicitamente criticado justamente por ponderar com mais ênfase aspectos secundários quando confrontados a virtudes notáveis. A pequena Maria Theresia, cega desde poucos anos de idade, é uma pianista talentosÃssima. Mesmo realizando interpretações musicais memoráveis sendo apenas uma criança, não consegue fugir dos olhares de uma elite que não exita em esconder a repulsa para uma figura distante do ideal de beleza.
Os pais de Theresia buscam um tratamento alternativo em Viena. O método, baseado no emprego de uma espécie de energia invisÃvel, é ainda envolto numa grandiosa casa onde pacientes excêntricos passam a morar durante a terapia. Assim como na sua cidade, o novo lar de Theresia testemunha seu talento e, de igual forma, a repulsa das elites se manifesta sem pudores. Mas, desta feita, a crÃtica do descaso da monarquia em relação ao diferente é ainda aguda. O melhor exemplo é a frieza com que se lida com o óbito de um dos filhos da empregada do centro de tratamento, em pouco difere da reação da morte de um animal qualquer.
Um dos principais deslizes da diretora Barbara Albert foi a forma deselegante de explorar a crÃtica ao que é alheio a monarquia. Existem pontos altos como bons exemplos da objetificação da classe trabalhadora, mas o asco em relação à protagonista é debochado e repetitivo. Outro ponto central e mal explorado é o processo de recuperação de Theresia. O que deveria ser algo próximo de um novo nascimento tem poucos momentos interessantes e é sufocado pelo ceticismo acerca da veracidade da melhora pelo meio social local.
Vale Ver Mas Nem Tanto !
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