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PiTacO do PapO - 'A Maldição da Chorona' | 2019

NOTA 8.0

Eita mulher chorona, chora feito uma sanfona…

Por Vinícius Martins @cinemarcante

O universo da franquia 'Invocação do Mal’ se expandiu sem fazer muito alarde com o filme 'A Maldição da Chorona’, que chegou aos cinemas sem fazer o barulho estrondoso que os também derivados 'A Freira’ e 'Annabelle’ fizeram em suas estreias. A produção é modesta, sem ambições megalomaníacas e sem o peso da presença de uma boneca encapetada ou de um demônio travestido de freira. A Chorona, ao contrário das suas “colegas” de saga, não foi apresentada nos filmes regulares dirigidos por James Wan; isso fez com que, a grosso modo, ela perdesse o glamour prestigioso da ansiedade do público para vê-la na tela grande em um filme solo. Entretanto, curiosamente, a maldita lacrimosa se saiu bem melhor do que o primeiro filme da boneca e que o demônio Valak em sua história de origem.

‘Annabelle’ não me assustou e 'A Freira’ não me deixou tenso como esperado, mas A Chorona conseguiu fazer essas duas coisas de forma prática e sem muito esforço - talvez, quem sabe, como reflexo à ausência de expectativa quanto ao que seria visto. Não estou afirmando que o filme é deverás assustador, não; ele assusta na medida certa, e somente àqueles que comprarem a ideia da obra. Como o alvo da assombração são crianças, deve-se ver o espectro como uma criança veria para, assim, entender a ameaça que ela representa.


Obviamente, a Chorona não tem a mesma presença que a Freira tem em cena, dada a imponência que a entidade possui. Valak chega sempre calmamente do escuro com a expressão de quem sabe seus pecados mais ocultos, e aterroriza por aparentar conseguir enxergar dentro de você (o quadro pintado em 'Invocação do Mal 2’, por exemplo, parece seguir a câmera com os olhos mesmo estando meramente pendurado, em um constante julgamento tanto aos integrantes da cena quanto aos seus espectadores). Já a Chorona, porém, é o contrário da freira em todos os aspectos. Até sua vestimenta é o outro extremo da freira maligna, sendo uma com o hábito negro que a faz se camuflar nas sombras e a outra com suas vestes brancas e o véu cobrindo-lhe o rosto. A Chorona não faz um terror psicológico que se impõe com timbres graves reverberando nas caixas de som em uma música gótica decrescente; ela é ágil, persistente e, de certo modo, astuta. Seu alvo são as crianças, e o elenco infantil dá um espetáculo em atuações fascinantes de caras e bocas a cada nova aparição da assombração com a maquiagem borrada.

As faces de medo, pânico, susto e incertezas sobre o que realmente está acontecendo são convincentes e eficientes em promover a imersão na trama. Linda Cardellini navega bem entre o ceticismo e aceitação da crença no sobrenatural ao abordar sua personagem, e sua angústia é quase comovente. E assim, em uma natureza de direção que emula os dois titulares da franquia, 'A Maldição da Chorona’ consegue cativar por não forçar a barra e surpreender por chegar de mansinho e ser redondinho em sua essência, sem o apelo que os demais filmes têm para sequências. A jornada conclusiva que o filme de Michael Chaves (diretor do vindouro 'Invocação do Mal 3’) dá para a lenda folclórica mexicana é digna e, sem exageros, melhor do que 'A Freira’ e o primeiro 'Annabelle’ juntos.

Então, para não terminar esse comentário com um clima assombroso, lá vão algumas músicas populares brasileiras de choro que poderiam fazer parte da trilha sonora da versão dublada:

Vou choraaaaar, desculpe mas eu vou chorar… não ligue se eu for te matar; faz parte, sou assombração

Bota a tua cabecinha no meu poço e chora… (Eu sei, não é um poço, mas encare como licença poética) 


Vale Ver !


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