PiTacO do PapO - 'Mademoseille Vingança' | 2019
NOTA 8.0
Seria a vingança um prato que se come frio?!
Por Karina Massud @cinemassud
Arrumar flores nos vasos da sala de visitas, ler romances calmamente, fofocar sobre a vida alheia tomando um belo chá e passear por horas nos jardins do bucólico palacete... afinal os serviçais são muitos. Essa é a rotina da viúva rica Madame de La Pommeraye, uma nobre que não tem muito o que fazer assim como toda a sua classe, lá em meados do século 18.
“Mademoseille Vingança”, filme do diretor e roteirista francês Emmanuel Mouret, é baseado num romance de 1796 de Diderot. Um drama de época com pitadas de comédia que narra a história da Madame de La Pommeraye, que depois de anos resistindo, cai na lábia do Marquês de Arcis, e ainda que experiente ela acredita que com ela tudo será diferente. Ele é um cafajeste e destruidor de corações serial e notório, um predador que se repete: se encanta pela dama, a conquista, ambos se jogam de cabeça na paixão, e quando ele se entedia a larga ao Deus dará, com a honra e a reputação manchadas e nas bocas futriqueiras (e desocupadas) da aristocracia parisiense. Dor de cotovelo é ; uma das piores dores da vida, e por isso a Madame, abandonada e ferida, arquiteta uma vingança maquiavélica contra o Marquês, usando para isso mais duas mulheres rejeitadas, mãe e filha prostituídas (por não terem outra opção) e sem nada a perder. Mas não pense ser uma história de empoderamento feminino, nada disso, pois a Madame se lixa para as comparsas, ela é egoísta e está obcecada por se vingar.
A trama tem um ritmo até que ágil prum filme de época, embalado por música clássica de cravo, gestos suaves e diálogos rebuscados mas com conteúdo que poderia estar em qualquer novela da atualidade. Os temas tratados são atemporais: amor, abandono, remorso e egoísmo, sentimentos que jamais deixarão de existir em se tratando de relacionamentos. A produção não é tão luxuosa visto ser um filme passado em uma época opulenta, mas os figurinos, cenografia e jardins são lindos, o longa teve várias indicações nas principais categorias do prêmio César (o Oscar francês) , ganhando o de Melhor Figurino.
O resto é pura perfídia, em uma trama de vingança amorosa muito deliciosa e bem bolada, com algumas reviravoltas que desembocam num ótimo desfecho. A semelhança com o clássico da vingança na nobreza “Ligações Perigosas” é bem clara, o que não tira o valor de “Mademoseille Vingança”, que é uma grata surpresa no catálogo da Netflix.
Vale Ver !
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