PiTacO do PapO - 'Anos 90' | 2019
NOTA 7.0
Simples e eficaz
Por Sérgio Ghesti @meuhype
Com aquele tradicional atraso, chega aos cinemas brasileiros a nova produção do estúdio A24 (Sinônimo de produção interessante, ultimamente) que traz Jonah Hill em sua estréia na direção com bastante vitalidade em filme que busca em uma doce nostalgia ao representar uma época onde a tecnologia não era foco para os jovens e a autodescoberta se tornava essencial no processo de vivência.
"Anos 90" é um filme que traz a amigável história de Stevie (Sunny Suljit) de 13 anos próximo da maioridade na era homônima. Seguindo o fluxo da principais histórias desse gênero aonde o personagem com um espÃrito aventureiro vive a tentativa de absorver alguma noção do mundo à sua disposição, a diferença deste filme é no "feeling" do seu diretor. Sua simples jornada reflete na lembrança de uma geração que vivenciou momentos intimistas para definir o fluxo das coisas com quase total ausência da tecnologia. Destaque para as performances sutilmente reais dos personagens, a viagem nostálgica nas cores ou na trilha sonora especÃfica do perÃodo, que vai dos Pixies ao Wu-Tang Clan. A última década do século 20 é retratada com frescor e só representa um atual momento aonde se agrega valor ao papel da década de 90 na cultura pop graças a diversos produtos atuais que trazem a época em evidência.
No âmbito popular, a Globo traz um folhetim novelesco "Verão 90" que foca na época citada no Brasil, a Marvel trouxe uma representação interessante no filme Capitã Marvel com ótimas piadas e lembranças, e a Netflix trouxe "Everything Sucks" também recriando aquela época, só para citar alguns exemplos. "Anos 90" não tem essa pretensão de mostrar elementos da época e sim só provocar uma reflexão em torno de um garoto dessa época.
A trama acompanha Stevie em sua pré-adolescência aonde vive com sua mãe solteira (Katherine Waterston) e com o irmão mais velho e introvertido Ian (Lucas Hedges). Ele encontra identidade em um grupo de skatistas, no inÃcio ele não sabe como se relacionar com esses novos conhecidos e começa a descobrir sozinho como se virar em relação a drogas, sexo e ao sistema das ruas. A trama não chega a ser surpreendente, uma vez que sua premissa se instala conforme o personagem alça vôos de descobertas escondido de sua famÃlia, tudo flui naturalmente. Pouco a pouco, as artimanhas da rua trazem sinais de problemas, e é apenas uma questão de tempo antes que Stevie se machuque de alguma forma no processo de endurecer-se para um novo capÃtulo da vida. Suljit, emoldurando uma série de expressões suaves, fornece uma atuação poderosa em todas as cenas sendo o centro de toda ação. A esperteza de Hill na direção traz argumentos na hora certa, assim como as resoluções além de um clÃmax que se inclina sobre toda a provação do personagem deixando um gosto de quero mais ao expectador.
Essencialmente esses jovens transitam em um universo até meio fútil de festas caseiras e encontros onde jovens entediados se rebelam contra o nada. Há uma razão para os cineastas acharem nessa ambientação quase um reflexo da época, graças ao sucesso do independente "Kids" ( de 1995 e um marco dos anos 90) , da MTV dos anos 90 e do Grunge surgindo com uma cena forte de protesto substituindo o Punk, esse é um modelo atraente para explorar o caminho sinuoso até a idade adulta, é um meio para um cineasta mostrar potencial sem sobrecarregar sua ambição.
Vale Ver !
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