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PiTacO do PapO - 'Rocketman' | 2019 Crítica 2

NOTA 8.5

Por Rafael Yonamine @cinemacrica 


O paralelo com “Bohemian Rhapsody” é inevitável. Entre os tantos motivos, destaco a direção em comum manejada por Dexter Fletcher. Felizmente, o ícone pop em questão beneficiou-se de inúmeras melhorias numa obra que pode ser vista como uma biografia musical dramática. O espectro temporal de “Rocketman” foi mais ambicioso, nem por isso menos profundo que o filme anterior de Fletcher. Na verdade, o que prevaleceu foi o oposto: mais densidade em menos tempo de execução. A narrativa aborda desde as primeiras tecladas do então Reginald Dwight quando criança até a conquista da liderança da Billboard. A trajetória artística confabula com as relações familiares delicadas representadas pela figura paterna ausente e a mãe com vocação questionável. Soma-se a isso o recorrente drama da dependência química no meio artístico, com John não foi diferente.


Na posição de crítico, é bastante cômodo e às vezes automático ressaltar a superficialidade em obras históricas ou biográficas. Para alguns longas como “Bohemian Rhapsody” a observação é pertinente, mas acredito haver falta de entendimento em tantos outros casos. Em “Rocketman”,  adota-se uma aura mágica como meio explicativo. O roteiro assertivo se vale desse recurso e elenca passagens suficientes para estabelecer todas as relações de causa e efeito que sintetizam a vida de Elton John. Por um lado, a magia do elemento musical explora de forma criativa e profunda  a evolução do personagem; de outro, pontua-se com precisão os grandes marcos da carreira do artista. Sendo assim, esse é um bom exemplo de filme biográfico que passa longe do adjetivo “superficial”.

A abordagem, que em alguns momentos parece enveredar por um caminho de positividade dado o poder de sedução da musicalidade, oscila entre a glória e a franqueza. O glamour, portanto, não é absoluto. O doce da fama não ilude e convive com a acidez das relações conturbadas e a imersão nas drogas. Um retrato honesto que contribui para o ganho de densidade.

Ao final, é possível assimilar com riqueza a proposta da síntese idealizada. Drama, música, fatos históricos precisos e sinceridade biográfica harmonizam num retrato prazeroso de ser visto. Diferentemente de “Bohemian Rhapsody” que dedicou apelativos 30 minutos das suas 2,5 horas num show,  para a vida Elton John, 2 horas foram o suficiente para construir uma biografia superior.


Vale Ver !




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