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Especial: Grandes Mestres - O Protagonismo de Jon Favreau

Grandes Mestres, Capítulo 1

Estamos começando uma série especial para homenagear, estudar, contemplar, revisitar e talvez mesmo te apresentar, caso você já não conheça, alguns grandes nomes da arte cinematográfica. Para esta primeira temporada foram escolhidos alguns diretores que trazem uma imensidão de emoções para seus públicos e criam um deleite audiovisual que permanece presente mesmo com a constante passagem do tempo. Teremos, mais adiante, temporadas dedicadas a atrizes, atores, compositores de trilhas sonoras, e até figurinistas. Estamos, obviamente, sempre abertos para a sua opinião e suas sugestões.

Para este primeiro capítulo, vamos falar sobre um indivíduo por quem eu, pessoalmente, tinha um bocado de preconceito até o começo dessa década. Vamos falar de Jon Favreau, que hoje se faz um dos meus dez diretores vivos favoritos.


JON FAVREAU

Jonathan Kolia Favreau, popularmente conhecido como Jon Favreau, nasceu em Nova York no ano de 1966, mais precisamente em 19 de outubro. Ele é ator, diretor, produtor e roteirista de diversas obras conhecidas, muitas das quais figuram hoje e ainda hão de figurar por muito tempo na cultura pop, sendo que algumas delas já são obras históricas dentro do cinema mundial. Ele é casado com Joya Tillem, sua esposa desde o ano 2000, e com ela tem três filhos (Max Favreau, Madeleine Favreau e Brighton Rose Favreau). Em uma primeira vista, ele surge como um americano comum que, como centenas de outros, é envolvido com cinema, mas sem aparentemente nada de tão especial - e isso se dê, talvez, por conta dos seus trabalhos passados; pelo menos foi como formei minha primeira opinião sobre ele, quando o notei no início da minha adolescência.

Meu primeiro contato com a figura de Jon Favreau foi em uma sessão de SuperCine, da Rede Globo, em um filme chamado ‘Uma Loucura de Casamento’ (sobre uma despedida de solteiro que acaba em merda porque os caras sem querer mataram a prostituta que estavam com eles, e depois começaram a matar uns aos outros enquanto tentavam encobrir o crime), que foi exibido na emissora pela primeira vez há mais de quinze anos atrás. Lembro de não ter gostado tanto do filme na ocasião, de achá-lo um tanto quanto estúpido, e acabei considerando o elenco (que tinha, entre Favreau, os nomes de Christian Slater e Cameron Diaz) como sendo de baixa categoria. Basicamente, não vi futuro nas pessoas que se dispuseram a participar daquela tosquice. E todos, com exceção de Diaz (que eu já conhecia de outros filmes), se tornaram rostos cujos nomes eu não fiz questão de gravar na memória. Vi Favreau em outros filmes nos anos seguintes, mas todos sempre me fizeram torcer o nariz de algum modo. Os papéis que lhe cabiam eram sempre questionáveis e envolviam, de modo geral, algum tipo de constrangimento ou arrogância. Lembro-me dele em ‘Surpresas do Amor’, da temporada 2008/2009 de comédias românticas, em que fez o papel de um irmão chato de Vince Vaughn e praticava bullying com o mesmo. Mais uma vez, pensei “está aí alguém fadado a fazer esses papéis B em comédias medianas; esse é um alguém que nasceu para ser coadjuvante”. E eu não poderia estar mais enganado.


Obviamente, como não tinha mentalizado o nome dele, eu jamais desconfiaria que era ele o diretor de dois filmes fantásticos que tinham se tornado, já naquela época, sucessos de bilheteria e crítica: ‘Zathura’, de 2005, e ‘Homem de Ferro’, de 2008. Minha ficha só caiu em 30 de Abril de 2010, na ocasião da estreia de ‘Homem de Ferro 2’, onde vi, nos créditos do filme, que o comédia gordinho que era o guarda-costas do Tony Stark - o mesmo cara fadado a ser coadjuvante e nunca fazer nada grandioso - tinha o mesmo nome do diretor. Ao chegar em casa, comprovei, por meio de pesquisa no Google, que eles eram de fato a mesma pessoa e, para meu próprio espanto, me vi chocado. Como poderia aquele Zé Ninguém ser o responsável por filmes tão legais? Desde então, parei de olhar para aquele cara com uma visão pré-definida de fracasso e comecei a acompanhar o trabalho dele. Depois disso veio ‘Cowboys e Aliens’, em 2011, que assisti no cinema mais por causa dele do que pela presença de Harrison Ford, Daniel Craig e Olivia Wilde no elenco, e me surpreendi ao gostar do estilo dele de dirigir. Claro, quem viu esse filme há de concordar que não é nem de longe o melhor trabalho do Favreau como diretor, mas na ocasião me bastou como um entretenimento ocasional. E o vi reprisar seu papel como Happy Hogan em 2013, no bilionário 'Homem de Ferro 3', onde ele trabalhou também como produtor, sob a direção agora de Shane Black - cuja versatilidade no cargo ficou aquém a de Favreau.


Mas foi em 2014 que me descobri perdidamente apaixonado pelo talento do cara, ao assistir a sua comédia deliciosamente temperada chamada 'Chef', que ele mesmo estrelou, roteirizou e produziu, além de também dirigir, é claro. O filme conta ainda com Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Bobby Cannavale, Dustin Hoffman, Sofía Vergara, Oliver Platt e John Leguizamo no elenco, sendo esses três primeiros nomes integrantes dos filmes do MCU. Se você quiser conhecer Jon Favreau de verdade, veja 'Chef'. Mas seja avisado: as chances de você se apaixonar pelo filme são muito grandes. Depois dessa belíssima obra de arte cinematográfica e culinária, Favreau presenteou o mundo com uma versão live action de um clássico da Disney que é, até agora, o melhor dessa safra de releituras que o estúdio tem feito sobre suas próprias animações. Estou falando, é óbvio, de 'Mogli - O Menino Lobo', que chegou aos cinemas em 2016 e foi premiado com o Oscar se melhores efeitos visuais na edição referente àquele ano. E o cara gordinho, que eu jurava que era um zero à esquerda, se tornou uma referência na linha dos efeitos especiais. Fiel ao desenho e inovador em sua própria maneira, o filme do menino criado em uma alcateia e perseguido por um tigre com nome promiscuamente insinuante mostrou ser um dos melhores longas familiares dos últimos tempos.


Agora então, senhoras e senhores, lhes apresento o próximo grande trabalho de Jon Favreau a chegar às telonas e cujo trailer pode ser conferido logo abaixo: ‘O Rei Leão’, que se refaz em uma animação digital com traços absurdamente realistas e que podem ser facilmente confundidos com um live-action. O filme chegará aos cinemas em alguns dias, e está prometendo fortes emoções para aqueles que cresceram com o fenômeno que a história de Simba se tornou na década de noventa. Além dessa obra promissora, Favreau lançará, ainda em 2019, uma série especial limitada para o serviço de streaming da Disney, criada e roteirizada por ele, e que participará do cânone de Star Wars. Estou falando de ‘The Mandalorian’ (‘O Mandaloriano’), que está deixando os fãs cada dia mais ansiosos e parece manter a mesma qualidade dos longas que voltaram a dominar a cultura popular desde o ano 2015. E por falar em Star Wars, Favreau participou de ‘Han Solo: Uma História Star Wars’, onde deu voz ao personagem Rio Durant. Favreau é um nerd supremo, desses que ama universos complexos e a interação deles com a vida “real”. Ele leu diversos quadrinhos, crônicas, sagas, séries literárias e graphic novels, além de ser fã declarado da literatura de Edgar Rice Burroughs e sua fantasia (brilhante, devo concordar) marciana, que deu origem ao filme ‘John Carter: Entre Dois Mundos’, em 2012, que infelizmente não foi muito bem nas bilheterias, apesar de ser absurdamente bom.


Jon Favreau não é o coadjuvante que eu acreditava que ele fosse, não; ele é o protagonista de sua própria carreira, e agora é também, para mim, um dos melhores diretores dessa geração de obras ambíguas, que mesclam o cinema arte com o cinema popular e ajudam na apresentação destes gêneros aos públicos de ambos. O mundo e a indústria precisam, mutuamente, de mais visionários assim.



Por Vinícius Martins 



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