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PiTacO do PapO - ' O Bar Luva Dourada' | 2019

NOTA 7.5

Por Rafael Yonamine @cinemacrica


O grotesco levado ao extremo. Nesse retrato de um caso real de assassinatos em série, o tom de denúncia cede lugar aos exageros premeditados. Honka, cidadão de Hamburgo na década de 70, foi condenado pelo abuso e homicídio de dezenas de mulheres. Desde o início da obra, contudo, a reconstrução da transgressão não busca embasamento, a exposição transparente da barbárie é quem se prontifica de forma absoluta.


O caminho adotado por Fatih Akın, portanto, é o do bizarro em altas doses. O diretor deliberadamente se abstém de buscas por motivações ou explorações psicológicas do serial killer. Não há passado, não há família. Logo no início do longa somos impactados por uma cena de sexo excêntrica: corpos fora de forma, roupas velhas, quarto insalubre e movimentos grosseiros que culminam num esquartejamento. O primeiro plano do rosto do protagonista também não é econômico em enriquecer o repertório de aspectos disformes. O mecanismo se repete em outras situações similares e há inegável êxito em abraçar o grotesco.

A opção se torna diferenciada na medida em que o exagero trágico é capaz de se transmutar em comédia. Numa temática que teria fundamentos de sobra para ser um drama policial histórico, é possível rir da violência. O recurso de desenvolver o microambiente do Bar Luva Dourada também contribui com a proposta. São realmente cômicos os diálogos entre os clientes sobre suas experiências amorosas.

Mas o fato é que o filme se fecha nesse espectro. A sucessão de experiências do protagonista não apresenta evolução notável ou aportes narrativos. São repetições que apenas reforçam o interesse pelo caricato. Ainda assim é uma experiência válida de ser apreciada.


Vale Ver !


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