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PiTacO do PapO - 'Um Homem Fiel' | 2019

NOTA 7.5

Por Rafael Yonamine @cinemacrica 


Louis Garrel em altas doses. À frente da direção, roteiro e atuação do papel principal, o artista francês não se esquiva de polêmicas e manipula um tema interessante. Há alguns anos morando com a namorada Marianne, Abel (Louis Garrel) recebe a notícia da gravidez da parceira. A reverberação da notícia harmoniza com uma Paris ainda preguiçosa pela manhã e colorida em tons frios. Isso porque, sem pestanejar, Marianne comunica que o filho não é do homem com quem divide o teto, mas de um amigo do casal. A subsequente passividade de Abel frente ao que poderia desencadear reações violentas, é resolvida com a decisão da futura mãe morar com o pai biológico.


Assim, desde o início do longa somos sensibilizados e provocados por uma discussão madura sobre os limites da permissividade amorosa. A proposição imediata levanta a discussão da expansão da relação monogâmica, isso porque o triângulo amoroso era de conhecimento coletivo, por isso a potencial revolta é atenuada. Garrel, na verdade, vai um pouco além, chega ao ponto de conceber uma relação onde o segundo parceiro é o pai da pivô de uma relação a três. As experimentações continuam quando Marianne fica viúva e reencontra Abel.

Sob o ponto de vista de Abel, seria possível reatar uma relação encerrada da forma proposta pela antiga parceira? De um lado, o amor sob o mesmo teto não correspondido, mesmo no contexto do amor a três. Do outro, a gravidez como atenuante da decisão dessa ruptura. Outra provocação presente é a inversão de papéis. Estaria Marianne disposta a ser mais uma das parceiras de Abel? Ou a pluralidade de personalidades justifica assimetrias de aceitação de modelos de relacionamento?

As relações amorosas em “Um Homem Fiel” não flertam com construções românticas convencionais. Em seu lugar, o filme se constrói sobre uma abordagem mais fria, o que o aproxima do olhar mais racional das relações humanas.


Vale Ver !



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