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PiTacO do PapO - 'Entre Tempos' | 2019

NOTA 6.0 

Por Rafael Yonamine @cinemacrica


Um simples romance, que novamente toca a temática da incompatibilidade de perfis, é reavivado com uma nova perspectiva proposta pelo diretor Valerio Mieli. A proposta é a de tecer os personagens com constantes resgates de memórias. Todos os momentos, altos e baixos, apaixonados ou conflitantes, não fogem ao exercício do resgate temporal.


O emprego do termo "constante" para o exercício de resgate de memórias não é exagerado. O recurso é levado a exaustão e é indiscutivelmente a plataforma didática para o adensamento psicológico do casal. Para esse caso, o provérbio popular "tudo o que é demais é exagero" tem aplicação precisa. O filme não se desprende do mecanismo da oscilação temporal por mais de 5 minutos. O que pode parecer um exagero, torna-se débil quando mal utilizado. Os retalhos costurados nem sempre tem um bom encaixe, os episódios evoluem com alguma incongruência. O saldo narrativo acaba sendo uma frenesi de planos transitórios absolutamente incapazes de edificar significados profundos.

A fragmentação extrema do tempo ainda tem o agravante da edição de imagens nervosa. Mesmo numa cena que mostra o casal numa situação presente, a montagem se vale de aproximadamente 5 perspectivas de filmagens distintas que se rodiziam num intervalo de tempo ínfimo. Agregando os recursos, o que poderia ser algo contemplativo nas mãos de outro diretor, torna-se frenético com Mieli. A atmosfera melancólica esvai-se em pouco tempo nesse raro oxímoro de romance morno associado a técnicas excitadas.

Consegue-se, portanto, fatiar o tempo e fazer referências em momentos distintos a partir de vários momentos no tempo. Basicamente, "Entre Tempos" permeia todos os 6 tempos verbais do modo indicativo. Infelizmente, para esse caso, a riqueza verbal não conjuga com qualidade cinematográfica.


Vale Ver Mas Nem Tanto !




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