Especial : 43ª Mostra Internacional de Cinema de SP | Review Parte 1
Ranking:
➧ Parasita - NOTA 9.0
➧ O Jovem Ahmed - NOTA 9.0
➧ Laura- NOTA 8.0
➧ Family Project - NOTA 8.0
➧ System Crasher - NOTA 8.0
➧ Honeyland- NOTA 8.0
➧ La Mala Noche - NOTA 8.0
➧ O Pai - NOTA 8.0
➧ O Paraíso Deve Ser Aqui - NOTA 7.0
➧ Cavalos Roubados- NOTA 7.0
➧ Cavalos Roubados- NOTA 7.0
➧ O Pássaro Pintado - NOTA - 7.0
➧ Cleo - NOTA 6.0
O Jovem Ahmed: os irmãos Dardenne mostram-se ainda mais afiados naquela temática que se apropriaram tão bem: os dramas do universo infanto-juvenil. Dessa vez, o mergulho psicológico vai em direção do envolvimento de um jovem com a jihad.
Laura: uma pérola. Pouco comentado, mas extremamente competente. O retrato materno do tipo de mulher de casca rígida, mas com inclinações inclusivas. Ao passo que tece críticas duras ao filho e pupilo pianista, não deixa de acompanhar seus passos remoendo a possibilidade de também ter enveredado para a carreira de pianista profissional.
Family Project: proposta muito criativa. A obra experimenta a possibilidade de terceirizarmos ocupações humanas não ligadas à atividade profissional comum. A empresa Family Project vende mão de obra para a ocupação de postos como marido, pai e até defunto. O ponto é que, como não somos máquinas, é tarefa difícil profissionalizar nossas emoções.
System Crasher: o conceito de criança problemática levada ao extremo. A pequena atriz é de um poder mobilizador em transmitir a impotência que os adultos têm nas tentativas falhas de adequá-la aos métodos pedagógicos tradicionais. É uma angústia permanente com algumas descompressões de ternura infantil.
Honeyland: uma mistura de documentário e ficção. Situado no interior europeu, Hatidze divide-se entre a prática da apicultura artesanal e os cuidados com a mãe enferma. A pureza interiorana por vezes é ameaçada pela ganância de outros apicultores que não têm o mesmo zelo pelo ecossistema. Retrato sensível da luta humana pela subsistência harmônica.
La Mala Noche: produção equatoriana de altíssimo nível. Sobra estilo e adoção precisa de recursos como voice off e flashbacks cirúrgicos. O drama ancora-se na dura realidade da indústria da prostituição. A partir desse ponto, ganha ares de suspense na medida em que a protagonista passa a questionar tais mecanismos. Elegantemente filmado e narrado.
O Pássaro Pintado: com uma estética que não tarda em saltar aos olhos, a obra não é econômica em agulhar com uma infinidade de incidentes o pequeno protagonista. Filme bonito, mas que certamente conseguiria se resolver em menos que as 3 horas apresentadas.
O Pai: A relação pai e filho é enriquecida com poderosos elementos dramáticos nessa obra búlgaro-grega. Essa temática familiar, que pode apresentar desgaste de uso quando trazemos à mente num primeiro momento, não recai nesse vício quando desenvolvida em "O Pai". A abordagem é criativa, a mesmice é substituída por um roteiro inspirado. O desenvolvimento do vínculo entre as partes evolui com eventos inusitados e, aos poucos, a relação ganha em transparência com gestos simples e valiosos de ambas as partes.
O Paraíso Deve Ser Aqui: filme palestino do diretor Elia Suleiman. Tive o privilégio de presenciar a entrega do Prêmio Humanidade no início da sessão, ele é dado a diretores com notoriedade em engajamentos político e social. O filme não deixa dúvidas sobre o mérito do recebimento da condecoração. Baseado num humor fluido, o diretor que também protagoniza a obra, enumera diversos exemplos de como aspectos palestinos estão presentes em qualquer cidade do mundo, de Paris a Nova Iorque. Uma homenagem bem humorada, mas crítica, sobre seu país e instituições como a Polícia.
Cavalos Roubados: representante da Noruega no Oscar 2020, o filme tem início arrebatador. Nele, um homem já vivido se recolhe num vilarejo afastado e relembra fatos da sua juventude. A condução das memórias do protagonista é poderosa, a dosagem de melancolia no contexto familiar é precisa. Para ter sido um filme notável, faltou manter o ritmo no terço final e um pouco mais de capricho na amarração das pontas dramáticas.
Cleo: do tipo comédia fantasia. Não será um marco, mas entretém. O filme narra os traumas de Cleo e como um antigo artefato poderia ajudá-la a superá-los. Logo, a fantasia envereda para um enredo que previsivelmente trará uma lição de moral óbvia ao fim.
***
Rafael Yonamine: Formado e pós-graduado em Administração, já lidou com supply chain e agora business intelligence em marketing digital. Além da paixão pelo cinema, é um viciado em punk rock. E no cotidiano, dificilmente falta a um treino (incluindo finais de semana).
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