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PiTacO do PapO - 'Meu Nome é Dolemite' | 2019

NOTA 9.0

Depois de “Meu Nome é Dolemite”, 
quem merece uma cinebio é Eddie Murphy

Por Karina Massud @cinemassud


Fazer rir é uma arte, talvez até mais difícil do que fazer chorar, pois no mundo caótico em que vivemos o drama já é algo corriqueiro. Eddie Murphy é um mestre tanto no humor quanto no drama (não esqueçamos dele no papel de James Brown em “Dream Girls”)  que agora está de volta em grande estilo na cinebiografia “Meu Nome é Dolemite”, produção da Netflix que traz a vida e a obra  do comediante Rudy Ray Moore, um dos pioneiros do “blaxploitation”, movimento da década de 70 de filmes feitos por e  para a comunidade negra que fez o resto do mundo notá-la e valorizá-la, tendo como destaques “Shaft”, “Blacula” , “Foxy”, entre outros.


Rudy Ray Moore era um comediante que não conseguia alcançar o tão sonhado sucesso com piadas triviais em shows de stand-up comedy de apenas 5 minutos. Até que, inspirado por um mendigo que costumava ir na loja de discos onde trabalhava, ele cria o personagem Dolemite, um cafetão superlativo e esfuziante que faz piadas sujíssimas e cheias de palavrões que acabam sendo um arraso.

Intérprete e personagem se confundem: Eddie Murphy também começou sua carreira no stand-up comedy, e agora brilha como o grande representante do blaxpoitation, em cenas doces e principalmente nas cenas cômicas e toscas que são o fio condutor da trama. Rudy (assim como Murphy) era um showman, cantava, atuava e tinha um ego maior que o mundo, o que o fez querer alçar vôos mais altos e levar Dolemite pras telonas;  ele acreditou em si mesmo quando ninguém mais acreditou e investiu tudo para fazer um longa cheio de lutas de kung fu, perseguições, tiros e claro, nudez e sexo. Uma atuação grandiosa de Eddie Murphy que certamente será indicada a prêmios.

Gargalhei muito durante toda trama, não exatamente das piadas sujas (que não fazem o meu gênero) mas da história que beira o absurdo! Rudy e sua trupe alugam um hotel abandonado para filmar “Dolemite”  e aos trancos e barrancos o filme vai tomando forma com uma equipe de estudantes de cinema, luz roubada do vizinho e (d)efeitos especiais feitos à mão.

O elenco é poderoso e se entrega aos personagens, os diálogos são deliciosos e o timing entre eles perfeito. Há participações hilárias como a do rapper Snoop Dogg de DJ rastafári viajandão (ou seja, ele mesmo!) e um engraçadíssimo  e irreconhecível Wesley Snipes como ator afetado e metido por ter feito uma ponta de ascensorista em “O Bebê de Rosemary”, que vira diretor do filme e rouba várias cenas.

“Meu Nome é Dolemite” é muitíssimo bem dirigido por Craig Brewer (do remake  de “Footlose”), tudo é muito ágil e não há espaço para o tédio. A direção de arte nos transporta aos elétricos anos 70, às boates frequentadas exclusivamente por negros com cenários kitsch e figurinos reluzentes e exagerados, tudo muito colorido e embalado por uma trilha sonora com clássicos da black music.

Estamos diante de uma comédia contagiante e irresistível. A história não acaba quando termina o filme, que nos deixa ainda muito curiosos pra saber mais sobre Rudy/Dolemite - acabou a trama, eu fui direto pro Google. Eddie Murphy e Dolemite de volta aos holofotes, viva!


Super Vale Ver !


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