Especial: 'Os 25 Melhores Filmes de 2019'
O ano chega ao fim e a nossa já tradicional lista das grandes e melhores produções lançadas no circuito comercial, no streaming ou tevê , já está entre nós! Entre as pérolas cinematográficas desse ano, alguns já aparecem como prováveis contenders no Oscar 2020, como o filme de máfia mais aguardo do ano, 'O Irlandês', do ícone Martin Scorsese, ou ainda o filme baseado em HQ mais cult de todos os tempos, 'Coringa', de Todd Phillips, defendido brilhantemente por Joaquim Phoenix.
Os redator e editor Rogério Machado juntamente com os colaboradores Karina Massud, Vinícius Martins, William Weck , Rafael Yonamine e o mais recente recrutado, Sérgio Ghest, sofreram por ter que deixar de fora alguns títulos, pois no final das contas cada um só poderia escolher quatro filmes que mais amaram no ano. Algumas boas produções infelizmente ficaram de fora, mas sabemos que nem sempre podemos ter tudo nessa vida. Vale reforçar: nossa lista engloba somente o que entrou no calendário brasileiro de lançamentos.
Todo mundo já sabe mais não custa nada lembrar: a numeração dos filmes não tem a ver com a relevância deles, e sim pra cumprir a ordem natural. Então é isso, a lista está aí! Confira e veja o que realmente valeu a pena em se tratando de audiovisual no ano de 2019, e corra atrás para colocar sua listinha em dia. Até a lista de 2020. Um ano maravilhoso para cinéfilos e não cinéfilos!
1 - Coringa | Todd Phillips
É a primeira vez que um filme de personagem de histórias em quadrinhos chega aos cinemas de forma tão humana e desprovida de alegorias megalomaníacas e explosões, sem precisar apelar para um plano de dominação mundial ou invasões alienígenas; essa, meus queridos, é a primeira vez que se mostra que das HQs também pode ser feito cinema arte. E como boa arte, deve ser contemplado e comentado por ainda muito mais tempo, consolidando-se como uma referência a ser seguida e um marco a ser superado pela concorrência. (Leia mais)
2 - A Vida Invisível | Karim Aïnouz
O machismo enraizado na sociedade é o mote desse drama que faz duas irmãs unidas serem afastadas, e mesmo sendo muito diferentes, nutriam um amor profundo uma pela outra. Os traços desse patriarcado nocivo se fazem presentes no desenvolvimento do roteiro, desde detalhes apresentados de maneira bem sutil - como quando Antenor pergunta a Eurídice, já grávida, o que uma mulher naquele estado iria fazer num conservatório de música, até em sequências mais explícitas através dos ataques de histeria do pai - um imigrante português conservador. (Leia mais)
3 - A Favorita |Yorgos Lanthimos
Visualmente o filme é deslumbrante, com figurinos e cenários primorosos que se misturam aos luxuosos tapetes Aubusson das paredes palacianas. Posicionamentos de câmera variam bastante, e há muitas tomadas ousadas onde se vê tudo em forma arredondada, o ângulo parece variar conforme a importância e emoção de cada personagem. E para finalizar, a trilha sonora é de chorar de linda. Um drama de época fino, hilário e deliciosamente diabólico. (Leia mais)
4 - Como Treinar seu Dragão 3 | Dean DeBlois
'Como Treinar o Seu Dragão 3’ é, de longe, o filme mais rico de todo o estúdio DreamWorks no quesito qualidade técnica. A finalização dos efeitos da animação é um primor que, ouso dizer, prova-se melhor do que o último lançamento da Pixar, 'Os Incríveis 2’, de 2018. O balançar dos cabelos em brisas e ventanias, os detalhes nas roupas e feições, traços de expressão sutis, pálpebras sensíveis em defesa ao vento e luminosidade, tudo isso está em um patamar superior se posto em paralelo aos outros tantos filmes já feitos. (Leia mais)
Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles fazem do filme um western "moderno" e ácido representado pelos moradores da cidade pernambucana e sua diversidade de estilos em um grupo que luta contra os forasteiros que desejam prejudicá-los. As referências têm frescor. O filme, independente de suas inspirações tem originalidade, Kleber tem uma firme consistência adquirida em seus filmes anteriores com a presente celebração dos laços, vista em 'Aquarius' (2016) ou como em 'O Som ao Redor' (2012). (Leia Mais)
11 - Casal Improvável | Jonathan Levine
A trama acompanha o reencontro de Fred Flarsky (Rogen) com sua babá, Charlotte Field (Theron), vinte anos depois dos tempos de escola. Porém, agora, ele é um jornalista desempregado, enquanto ela é a Secretaria de Estado dos EUA. Ao ser contratado para ajudá-la na sua campanha presidencial, ele volta a ter sentimentos pela sua paixonite da infância. Será que nessa difícil equação os opostos se atraem mesmo? O filme trabalha essa relação e usa perfeitamente seu tempo de tela, sua longa duração (2h10) nem é sentida pelo expectador, tornando esse tempo o suficiente para se apegar ao casal de protagonistas. (Leia mais)
12 - Vingadores Ultimato | Anthony Russo, Joe Russo
O mundo pode, hoje, ser dividido entre a era pré-Vingadores e a aurora pós-Vingadores. Não há dúvidas de que a produção seja um marco histórico-cultural de amplitude nunca antes explorada, e isso é magnificamente assustador. A enxurrada de referências e auto-referências que permeiam a produção, desde o seu prólogo até a última cena, fazem os fãs se deleitarem em um êxtase visual luxuriante e embriagante, que revisita a jornada dos heróis e apresenta novas e velhas faces de personagens consagrados, com um elenco tão grandioso quanto a expectativa gerada ao redor dessa conclusão épica. (Leia Mais)
13 - O Irlandês | Martin Scorsese
O bom e velho Martin Scorsese está de volta com o seu melhor estilo 'Os Bons Companheiros', mas engana-se quem pensa que encontrará mais do mesmo em seu novo projeto. O diretor se reinventa com truques sutis de um humor técnico, ácido e apurado - acreditem, 'O Irlandês' está recheado de elementos cômicos, talvez mais até do que 'O Lobo de Wall Street', lançado no Brasil em 2014. (Leia mais)
14 - Turma da Mônica - Laços | Daniel Rezende
Adaptação em "live action" da HQ Laços da Turma da Mônica publicado em 2013 apresenta um gosto refinado de infância com os personagens do universo mágico criado por Mauricio de Souza em uma aventura fiel as expectativas de quem algum dia já embarcou nessa viagem lendo os gibis dos personagens. Assim como os mais antigos já apreciaram produções como 'Conta Comigo', 'Os Goonies' e 'Os Batutinhas', essa geração ganha um presente memorável em um filme gracioso sobre como superar questões pessoais em prol de um bem maior, o coletivo, em uma mensagem linda e emocionante sobre lealdade e amizade.(Leia mais)
15 - Eu Não Sou Uma Bruxa | Rungano Nyoni
No trabalho de Nyoni está representada uma ousada e feliz combinação não só de gêneros do cinema, mas de propósitos. A pivô da narrativa é a pequena Shula, uma garota órfã submetida a variadas facetas da nossa barbárie. Dessa vez, a miséria humana ambienta-se na África subsaariana. Acusada de ser bruxa e tendo poucos recursos de defesa que não se distanciam da própria opinião e a capacidade argumentativa de uma criança, Shula é arbitrariamente condenada. (Leia Mais)
16 - Midsommar - O Mal Não Espera a Noite | Ari Aster
O diretor Ari Aster, o mesmo de “Hereditário”, novamente insere elementos inovadores associados a uma atmosfera desconfortável. Nesse caso, o terror veste branco: aldeia sueca, localidade e momento do ano onde o sol se faz presente em quase a totalidade do dia, figurino claro. Esses são os aspectos visuais, mas o teor de pureza também pode ser extraído de elementos como o fato de a obra estudar uma sociedade autônoma e desconexa dos ruídos urbanos. A grande proposta e maior mérito é oferecer, sobre esse prato alvo, uma incitação paradoxalmente repulsiva. (Leia mais)
17 - Aladdin | Guy Ritchie
O diretor Guy Ritchie, conhecido por filmes mais alternativos e violentos, “Snatch- Porcos e Diamantes”, “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” (e principalmente por ser ex-marido de Madonna), foi muito bem sucedido em “Aladdin”, apostando numa produção leve que não ousou em inserir nada de novo (só em poucos detalhes já citados), apenas recriou com louvor o que já foi sucesso na animação e no musical. Uma ótima surpresa para os fãs do clássico! (Leia mais)
18 - Green Book : O Guia | Peter Farrelly
Mais uma triste história real levada para o cinema. Mais uma válida lembrança do quão antigo e ainda presente é o racismo. Em “Green Book - O Guia”, entretanto, há uma proposta de inversão da perspectiva usual da relação tóxica entre negros e brancos. Se nas recentes obras que abordam o tema o negro circunda o invólucro elitista, aqui os dotes e recursos estão legitimamente incorporados em Don Shirley (Mahershala Ali): negro, rico e renomado músico. A concretização dessa inversão, que já seria efetiva ao apenas conferir status a Shirley, é explicitada num grau maior quando Tony Lip (Viggo Mortensen), branco, aceita a proposta de ser o motorista do músico durante uma longa turnê pelos Estados Unidos. As contraposições também se expandem na divergência de perfis: o refinado frente ao rudimentar. (Leia mais)
19 - A Grande Dama do Cinema | Juan José Campanella
A dinâmica é baseada em diálogos imprimidos numa cadência precisa. Não há morosidade didática, tampouco afobação. O quarteto afiado é pautado por textos de altíssima qualidade que não poupam tiradas ácidas. Esse, aliás, é o principal elemento cômico. Pode-se dizer que Campanella adota-o com certo abuso, sobra pouco espaço para outras variações do gênero. (Leia mais)
20 - Rainha de Copas | May el-Toukhy
"Rainha de Copas" segue o tipo de fluxo que ganha intensidade ao longo do tempo e, nas primeiras investidas, oferece algum grau de previsibilidade. É fundamental, entretanto, distinguir o descuido do premeditado. Nesse caso, há uma clara concessão inicial como recurso estrutural para a posterior oferta de uma recompensa em formato de poderoso golpe dramático.
(Leia mais)
21 - Assunto de Família | Hirokazu Kore-eda
O cineasta Hirokazu Kore-eda (dos ótimos 'Pais e Filhos'- 2013 e 'Depois da Tempestade' - 2016) é um dos mais atuantes e relevantes hoje em seu país. De uns anos para cá, os olhares do público se voltaram de uma maneira mais atenciosa para o cinema japonês muito por conta de seus trabalhos, muito impregnados de verdade, com tramas com pessoas comuns vivendo dilemas que poderiam acontecer com qualquer um - quase sempre envolvendo um drama familiar que conectam o público com seus personagens, pra mim, sempre um dos pontos fortes nas obras do diretor. (Leia mais)
22 - Suspiria | Luca Guadagnino
Mesmo não sendo visualmente intenso como o original, Guadagnino eleva o cinema do terror/fantasia entregando não só uma, mas várias cenas memoráveis em momentos chaves da trama. Estamos falando do fantástico episódio dos movimentos de dança de Bannion causando a morte de uma colega, como também da dança evocativa envolvendo a personagem Sara (Mia Goth, em excelente atuação) hipnotizada, as sequências dos pesadelos... Tudo é extremamente pontuado e famigerado, até a chegada da epopeia nos minutos finais deixando qualquer um de queixo caído. (Leia mais)
23 - Nós | Jordan Peele
A simbologia de 'Nós’ é grande o bastante para render horas de conversa, e tentar listar aqui a vastidão dos assuntos e interpretações possíveis é uma tarefa um tanto ingrata; todavia, há pontos que merecem um destaque e valem a menção, sem estragar a experiência de assistir ao filme e o gerar dos debates posteriores. O próprio título original, 'Us’ faz uma referência discreta direta a United States, os Estados Unidos, que são o grande cenário da história. (Leia mais)
24 - História de Um Casamento | Noah Baumbach
O novo filme de Noah Baumbach (que ouso afirmar ser o melhor de sua carreira até o momento) é uma sobrecarga de humanidade lúcida. Todos aqui possuem falhas e não há um lado mais correto do que o outro; as qualidades e defeitos do casal de artistas são intimamente equilibradas, e escolher previamente um lado a ser defendido, sem levar em conta todo o contexto e as versões da mesma história, se torna uma atividade ingrata para aqueles que assistirem ao filme predispostos a se posicionarem a favor do homem ou da mulher só por uma questão de identificação de gênero. O roteiro de Noah é cirúrgico ao apresentar as duas faces da moeda, e com isso expor o marido e a esposa não com um cumprindo o papel de mocinho e o outro de vilão, não; as pessoas do filme possuem alma, textura, camadas, e não podem ser meramente presas a um rótulo de boas ou más pessoas. (Leia mais)
25 - Retablo | Álvaro Delgado-Aparicio
A construção da relação de amor entre pai e filho é prazerosa de ser vista e encabeça os grandes méritos do filme. Chega a ser poético como a materialização desse sentimento se sedimenta na confecção dos retábulos. Esse é apenas o ponto de partida. A cumplicidade é enriquecida com o cotidiano que envolve a atividade: pai e filho diariamente andam para vender sua arte, interagem com locais e mantêm viva a tradição artesã também pela perspectiva mestre e aprendiz. (Leia mais)
👉Colaboraram: Karina Massud, Vinícius Martins, William Weck, Rafael Yonamine & Sérgio Ghest.
2 - A Vida Invisível | Karim Aïnouz
O machismo enraizado na sociedade é o mote desse drama que faz duas irmãs unidas serem afastadas, e mesmo sendo muito diferentes, nutriam um amor profundo uma pela outra. Os traços desse patriarcado nocivo se fazem presentes no desenvolvimento do roteiro, desde detalhes apresentados de maneira bem sutil - como quando Antenor pergunta a Eurídice, já grávida, o que uma mulher naquele estado iria fazer num conservatório de música, até em sequências mais explícitas através dos ataques de histeria do pai - um imigrante português conservador. (Leia mais)
3 - A Favorita |Yorgos Lanthimos
Visualmente o filme é deslumbrante, com figurinos e cenários primorosos que se misturam aos luxuosos tapetes Aubusson das paredes palacianas. Posicionamentos de câmera variam bastante, e há muitas tomadas ousadas onde se vê tudo em forma arredondada, o ângulo parece variar conforme a importância e emoção de cada personagem. E para finalizar, a trilha sonora é de chorar de linda. Um drama de época fino, hilário e deliciosamente diabólico. (Leia mais)
4 - Como Treinar seu Dragão 3 | Dean DeBlois
'Como Treinar o Seu Dragão 3’ é, de longe, o filme mais rico de todo o estúdio DreamWorks no quesito qualidade técnica. A finalização dos efeitos da animação é um primor que, ouso dizer, prova-se melhor do que o último lançamento da Pixar, 'Os Incríveis 2’, de 2018. O balançar dos cabelos em brisas e ventanias, os detalhes nas roupas e feições, traços de expressão sutis, pálpebras sensíveis em defesa ao vento e luminosidade, tudo isso está em um patamar superior se posto em paralelo aos outros tantos filmes já feitos. (Leia mais)
5 - Bacarau | Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles
Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles fazem do filme um western "moderno" e ácido representado pelos moradores da cidade pernambucana e sua diversidade de estilos em um grupo que luta contra os forasteiros que desejam prejudicá-los. As referências têm frescor. O filme, independente de suas inspirações tem originalidade, Kleber tem uma firme consistência adquirida em seus filmes anteriores com a presente celebração dos laços, vista em 'Aquarius' (2016) ou como em 'O Som ao Redor' (2012). (Leia Mais)
6 - Era uma Vez em... Hollywood | Quentin Tarantino
'Era Uma Vez em...Hollywood', aguardado novo trabalho desse invejável mestre cult e pop na mesma medida, Tarantino deixa claro que sua marca registrada pode ter um novo registro, e que sua câmera pode estar a serviço do todo, ao invés de dar foco àquilo que um dia fez dele o profissional que ele é hoje. Essa desconstrução será notada por todos, e talvez - em especial nesse novo trabalho - sentida sobremaneira pelos fãs mais fervorosos daquele cinema debochado e violento sem o mínimo de escrúpulo, que desconhece o medo do mal gosto. (Leia Mais)
7 - Dor e Glória | Pedro Almodóvar
Biográfico ou não, 'Dor e Glória' conquista justamente pela simplicidade na construção de sua espinha dorsal, o roteiro. A história em questão nada mais é do que uma jornada de autoconhecimento e descoberta do desejo, e mais tarde, o ajuste de contas consigo mesmo - de um homem que se reconhecia como um mero mortal, ainda que tivesse o mundo do entretenimento aos seus pés. Que reconhece que seu corpo, as pessoas, que as coisas mudam e o remédio é se adaptar. (Leia Mais)
8 - Parasita | Bong Joon-ho
Ao longo de seu tempo de execução, "Parasite" (título comercial do longa) processa as classes e associa sua história por meio da perspectiva de distância entre as famílias e as hierarquias. O diretor trabalha muito bem o glamour em volta da família rica e muitas vezes usa sua veia caricata nos "ataques belos de vida" da família pobre, a cada vitória dos mesmos. Ao público, ainda sobram surpresas durante a trama e uma parte final arrepiante, em uma história que coloca ambas as famílias em pé de igualdade flertando com a tecnologia, o humor tragicômico e sagaz na medida certa, mesmo que no fim das contas se resulte em um final com uma lição aparentemente triste no que tange ao reflexo social. (Leia Mais)
9 - Rocketman | Dexter Fletcher
O espectro temporal de “Rocketman” foi mais ambicioso, nem por isso menos profundo que o filme anterior de Fletcher. Na verdade, o que prevaleceu foi o oposto: mais densidade em menos tempo de execução. A narrativa aborda desde as primeiras tecladas do então Reginald Dwight quando criança até a conquista da liderança da Billboard. A trajetória artística confabula com as relações familiares delicadas representadas pela figura paterna ausente e a mãe com vocação questionável. (Leia mais)
9 - Rocketman | Dexter Fletcher
O espectro temporal de “Rocketman” foi mais ambicioso, nem por isso menos profundo que o filme anterior de Fletcher. Na verdade, o que prevaleceu foi o oposto: mais densidade em menos tempo de execução. A narrativa aborda desde as primeiras tecladas do então Reginald Dwight quando criança até a conquista da liderança da Billboard. A trajetória artística confabula com as relações familiares delicadas representadas pela figura paterna ausente e a mãe com vocação questionável. (Leia mais)
Apresentando alguns de seus muitos filmes (até porque seria impossível dar enfoque aos mais de 40 trabalhos da diretora, roteirista, fotógrafa e até atriz) em ordem cronológica, Varda narra curiosidades, fala para uma plateia de fãs atentos, e até recria trechos de seus grandes trabalhos onde simula interagir com a cena feita na época. Em um deles , 'Os Renegados' (1985), ela leva a atriz Sandrine Bonnaire, estrela do filme, para uma entrevista no set de filmagem desse que foi um de seus trabalhos mais marcantes. (Leia mais)
A trama acompanha o reencontro de Fred Flarsky (Rogen) com sua babá, Charlotte Field (Theron), vinte anos depois dos tempos de escola. Porém, agora, ele é um jornalista desempregado, enquanto ela é a Secretaria de Estado dos EUA. Ao ser contratado para ajudá-la na sua campanha presidencial, ele volta a ter sentimentos pela sua paixonite da infância. Será que nessa difícil equação os opostos se atraem mesmo? O filme trabalha essa relação e usa perfeitamente seu tempo de tela, sua longa duração (2h10) nem é sentida pelo expectador, tornando esse tempo o suficiente para se apegar ao casal de protagonistas. (Leia mais)
12 - Vingadores Ultimato | Anthony Russo, Joe Russo
O mundo pode, hoje, ser dividido entre a era pré-Vingadores e a aurora pós-Vingadores. Não há dúvidas de que a produção seja um marco histórico-cultural de amplitude nunca antes explorada, e isso é magnificamente assustador. A enxurrada de referências e auto-referências que permeiam a produção, desde o seu prólogo até a última cena, fazem os fãs se deleitarem em um êxtase visual luxuriante e embriagante, que revisita a jornada dos heróis e apresenta novas e velhas faces de personagens consagrados, com um elenco tão grandioso quanto a expectativa gerada ao redor dessa conclusão épica. (Leia Mais)
13 - O Irlandês | Martin Scorsese
O bom e velho Martin Scorsese está de volta com o seu melhor estilo 'Os Bons Companheiros', mas engana-se quem pensa que encontrará mais do mesmo em seu novo projeto. O diretor se reinventa com truques sutis de um humor técnico, ácido e apurado - acreditem, 'O Irlandês' está recheado de elementos cômicos, talvez mais até do que 'O Lobo de Wall Street', lançado no Brasil em 2014. (Leia mais)
14 - Turma da Mônica - Laços | Daniel Rezende
Adaptação em "live action" da HQ Laços da Turma da Mônica publicado em 2013 apresenta um gosto refinado de infância com os personagens do universo mágico criado por Mauricio de Souza em uma aventura fiel as expectativas de quem algum dia já embarcou nessa viagem lendo os gibis dos personagens. Assim como os mais antigos já apreciaram produções como 'Conta Comigo', 'Os Goonies' e 'Os Batutinhas', essa geração ganha um presente memorável em um filme gracioso sobre como superar questões pessoais em prol de um bem maior, o coletivo, em uma mensagem linda e emocionante sobre lealdade e amizade.(Leia mais)
15 - Eu Não Sou Uma Bruxa | Rungano Nyoni
No trabalho de Nyoni está representada uma ousada e feliz combinação não só de gêneros do cinema, mas de propósitos. A pivô da narrativa é a pequena Shula, uma garota órfã submetida a variadas facetas da nossa barbárie. Dessa vez, a miséria humana ambienta-se na África subsaariana. Acusada de ser bruxa e tendo poucos recursos de defesa que não se distanciam da própria opinião e a capacidade argumentativa de uma criança, Shula é arbitrariamente condenada. (Leia Mais)
16 - Midsommar - O Mal Não Espera a Noite | Ari Aster
O diretor Ari Aster, o mesmo de “Hereditário”, novamente insere elementos inovadores associados a uma atmosfera desconfortável. Nesse caso, o terror veste branco: aldeia sueca, localidade e momento do ano onde o sol se faz presente em quase a totalidade do dia, figurino claro. Esses são os aspectos visuais, mas o teor de pureza também pode ser extraído de elementos como o fato de a obra estudar uma sociedade autônoma e desconexa dos ruídos urbanos. A grande proposta e maior mérito é oferecer, sobre esse prato alvo, uma incitação paradoxalmente repulsiva. (Leia mais)
17 - Aladdin | Guy Ritchie
O diretor Guy Ritchie, conhecido por filmes mais alternativos e violentos, “Snatch- Porcos e Diamantes”, “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” (e principalmente por ser ex-marido de Madonna), foi muito bem sucedido em “Aladdin”, apostando numa produção leve que não ousou em inserir nada de novo (só em poucos detalhes já citados), apenas recriou com louvor o que já foi sucesso na animação e no musical. Uma ótima surpresa para os fãs do clássico! (Leia mais)
18 - Green Book : O Guia | Peter Farrelly
Mais uma triste história real levada para o cinema. Mais uma válida lembrança do quão antigo e ainda presente é o racismo. Em “Green Book - O Guia”, entretanto, há uma proposta de inversão da perspectiva usual da relação tóxica entre negros e brancos. Se nas recentes obras que abordam o tema o negro circunda o invólucro elitista, aqui os dotes e recursos estão legitimamente incorporados em Don Shirley (Mahershala Ali): negro, rico e renomado músico. A concretização dessa inversão, que já seria efetiva ao apenas conferir status a Shirley, é explicitada num grau maior quando Tony Lip (Viggo Mortensen), branco, aceita a proposta de ser o motorista do músico durante uma longa turnê pelos Estados Unidos. As contraposições também se expandem na divergência de perfis: o refinado frente ao rudimentar. (Leia mais)
19 - A Grande Dama do Cinema | Juan José Campanella
A dinâmica é baseada em diálogos imprimidos numa cadência precisa. Não há morosidade didática, tampouco afobação. O quarteto afiado é pautado por textos de altíssima qualidade que não poupam tiradas ácidas. Esse, aliás, é o principal elemento cômico. Pode-se dizer que Campanella adota-o com certo abuso, sobra pouco espaço para outras variações do gênero. (Leia mais)
20 - Rainha de Copas | May el-Toukhy
"Rainha de Copas" segue o tipo de fluxo que ganha intensidade ao longo do tempo e, nas primeiras investidas, oferece algum grau de previsibilidade. É fundamental, entretanto, distinguir o descuido do premeditado. Nesse caso, há uma clara concessão inicial como recurso estrutural para a posterior oferta de uma recompensa em formato de poderoso golpe dramático.
21 - Assunto de Família | Hirokazu Kore-eda
O cineasta Hirokazu Kore-eda (dos ótimos 'Pais e Filhos'- 2013 e 'Depois da Tempestade' - 2016) é um dos mais atuantes e relevantes hoje em seu país. De uns anos para cá, os olhares do público se voltaram de uma maneira mais atenciosa para o cinema japonês muito por conta de seus trabalhos, muito impregnados de verdade, com tramas com pessoas comuns vivendo dilemas que poderiam acontecer com qualquer um - quase sempre envolvendo um drama familiar que conectam o público com seus personagens, pra mim, sempre um dos pontos fortes nas obras do diretor. (Leia mais)
22 - Suspiria | Luca Guadagnino
Mesmo não sendo visualmente intenso como o original, Guadagnino eleva o cinema do terror/fantasia entregando não só uma, mas várias cenas memoráveis em momentos chaves da trama. Estamos falando do fantástico episódio dos movimentos de dança de Bannion causando a morte de uma colega, como também da dança evocativa envolvendo a personagem Sara (Mia Goth, em excelente atuação) hipnotizada, as sequências dos pesadelos... Tudo é extremamente pontuado e famigerado, até a chegada da epopeia nos minutos finais deixando qualquer um de queixo caído. (Leia mais)
23 - Nós | Jordan Peele
A simbologia de 'Nós’ é grande o bastante para render horas de conversa, e tentar listar aqui a vastidão dos assuntos e interpretações possíveis é uma tarefa um tanto ingrata; todavia, há pontos que merecem um destaque e valem a menção, sem estragar a experiência de assistir ao filme e o gerar dos debates posteriores. O próprio título original, 'Us’ faz uma referência discreta direta a United States, os Estados Unidos, que são o grande cenário da história. (Leia mais)
24 - História de Um Casamento | Noah Baumbach
O novo filme de Noah Baumbach (que ouso afirmar ser o melhor de sua carreira até o momento) é uma sobrecarga de humanidade lúcida. Todos aqui possuem falhas e não há um lado mais correto do que o outro; as qualidades e defeitos do casal de artistas são intimamente equilibradas, e escolher previamente um lado a ser defendido, sem levar em conta todo o contexto e as versões da mesma história, se torna uma atividade ingrata para aqueles que assistirem ao filme predispostos a se posicionarem a favor do homem ou da mulher só por uma questão de identificação de gênero. O roteiro de Noah é cirúrgico ao apresentar as duas faces da moeda, e com isso expor o marido e a esposa não com um cumprindo o papel de mocinho e o outro de vilão, não; as pessoas do filme possuem alma, textura, camadas, e não podem ser meramente presas a um rótulo de boas ou más pessoas. (Leia mais)
25 - Retablo | Álvaro Delgado-Aparicio
A construção da relação de amor entre pai e filho é prazerosa de ser vista e encabeça os grandes méritos do filme. Chega a ser poético como a materialização desse sentimento se sedimenta na confecção dos retábulos. Esse é apenas o ponto de partida. A cumplicidade é enriquecida com o cotidiano que envolve a atividade: pai e filho diariamente andam para vender sua arte, interagem com locais e mantêm viva a tradição artesã também pela perspectiva mestre e aprendiz. (Leia mais)
👉Colaboraram: Karina Massud, Vinícius Martins, William Weck, Rafael Yonamine & Sérgio Ghest.
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