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PiTacO do PapO - 'Noelle' | 2019

NOTA 7.5

Um conto natalino feminista

Por Karina Massud  @cinemassud


Até pouco tempo atrás a expressão “empoderamento feminino” me causava implicância assim como a enxurrada de termos criados nesse novo mundo onde o politicamente correto, e chato até não poder mais, imperam, e tudo deve ser dito conforme sua cartilha. No entanto, percebi que em determinados casos dizer que tal mulher é “empoderada” é inevitável e a palavrinha cai como uma luva!

Nicole Claus é uma mulher à frente do seu tempo e de sua comunidade, e principalmente da tradição de sua família. Sua família é... TCHARAMMMM!!! A família do querido Papai Noel! E quando ele se vai, seu sucessor é o filho mais velho Nick Kringle, que não quer saber de pilotar um trenó ou entregar presentes, seu sonho é viver num lugar quente e dar aulas de yoga. E Nicole, apesar de amar e incentivar o irmão, é quem tem vocação para o posto e não para a atividade de “escritora de cartões natalinos”.



Em 2018 o filme natalino da Disney foi o “O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos”, super produção com elenco estrelado e efeitos visuais caros que foi um fiasco. Já “Noelle” é um filme mais modesto do recém-lançado serviço de streaming Disney Plus (que tem previsão de chegada no Brasil só no segundo semestre de 2020), por isso chegou com menor expectativa e estardalhaço, mas não com menos equívocos.

“Noelle” tinha tudo para ser um filme sensacional sobre empoderamento feminino mas se perde em vários pontos. O elenco deixa a desejar e os efeitos especiais que inserem animação de renas beiram o tosco. Anna Kendrick, que para mim é uma atriz sem um pingo de apelo seja em que gênero for, vive Nicole Claus de forma tímida e sem graça, faltam ousadia e carisma visto que é uma garota que luta contra uma tradição antiga para assumir seu posto de Noelle.

O charme do filme é o encanto que o Natal naturalmente tem em países do hemisfério norte: neve, roupas de lã cheias de pompons, patinação, lareiras e deliciosas xícaras de chocolate quente ao redor da árvore de Natal. E a ousadia de colocar uma mulher para ocupar o posto do Bom Velhinho quebrando a tradição de muitos anos. Os alívios cômicos da trama são a sempre bem-vinda e gostosa participação de Shirley MacLaine como a elfo Polly, muito engraçada, quando sai do Polo Norte e vai para o quente Arizona.  Bill Hader como Nick rende ótimas cenas com suas neuroses e durante seu treinamento para assumir o posto do pai.

“Noelle” transita entre a comédia, o filme fofo que passa belas mensagens para as crianças e a trama engajada. Mas apesar de não convencer em nenhum dos gêneros deve agradar às crianças.


Vale Ver !





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