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PiTacO do PapO - 'O Farol' | 2019

NOTA 9.5

Por Rogério Machado

O ainda praticamente estreante cineasta americano Robert Eggers chega ao seu segundo trabalho com o hype nas alturas. Depois de desconstruir nossa ideia de terror em 'A Bruxa' (2015), ele retorna aos cinemas com 'O Farol', um suspense psicológico onde o diretor mais uma vez ousa não só na linguagem, mas no modo de construção visual de sua obra. 'O Farol' , que teve sua estreia no Brasil na Mostra SP e esteve também na seleção do Festival do Rio, chega aos cinemas no dia 02 de janeiro.


A trama se passa no início do século XX e nela conheceremos Thomas Wake (Willem Dafoe), que é responsável pelo farol de uma ilha isolada. Depois de perder um auxilar que o ajudava nas tarefas do local, ele contrata o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) para substituir o ajudante anterior e colaborar no dia a dia de trabalhos pesados da ilha. No entanto, o acesso ao farol é mantido fechado ao novato, que se torna cada vez mais curioso com este espaço privado. Enquanto os dois homens se conhecem e se provocam, Ephraim fica obcecado em descobrir o que acontece naquele espaço fechado, ao mesmo tempo em que fenômenos estranhos começam a acontecer ao seu redor.

As escolhas não somente narrativas como também cênicas, o formato de tela (rodado em 35mm em 1.19:1, ou em português claro, o quase quadrado), e ainda em preto e branco,  já entregam nos primeiros minutos que não teremos o trivial. Eggers já provoca de cara o espectador com a aparência rude de seus personagens e  hábitos nada educados. O clima não é propriamente de um suspense, mas ficamos com a nítida impressão, pelas visões de Winslow , que algo de sobrenatural pode acontecer a qualquer momento. Esse iminente clímax auxilia por sua vez no crescimento das nossas expectativas, não somente em relação à índole desses homens, como suas reais intenções um para com o outro. 

O clima de competição gerado em função da conquista do topo desse farol, - fomentado por diálogos penetrantes e imersivos -,faz crescer uma grande tensão  entre eles. Essa tensão , que pode ser interpretada de diversas formas, tem um fundo sexual não verbalizado : dois homens solitários, cuidando de uma obra de formato fálico e trocando farpas (e em certo momento até carícias, sejam verbais ou físicas) denotam o interesse do roteiro de Robert e Max Eggers, em desnudar a toxidade das relações masculinas. Essa rivalidade , aliada a solidão daquela ilha, motivam reações e alucinações das mais bizarras, o que gera matéria prima de sobra para Eggers imprimir ainda mais suas características autorais na obra. 

'The Lighthouse', no original, conta com as assombrosas (sem trocadilhos) performances do veterano Dafoe e do talentoso Pattinson, que 'briga' de igual pra igual e mantém a altíssimo nível do projeto. Sujo, ousado, requintado. Parece estranho referenciar uma mesma obra com adjetivos tão distintos, mas assista e confirme que aqui,  elas interagem com soberba harmonia. 


Super Vale Ver !


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