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PiTacO do PapO - 'Skin' | 2019

NOTA 9.0

Por Rogério Machado 

Há uma  impactante expressão em inglês que não chega a ter  a mesma força quando trazida para a nossa língua: 'make up my mind'.  Dentre tantas conotações que essa frase possa ter, a de dar uma virada em determinada situação encaixa como uma luva nessa trama baseada em eventos reais. Exibido no Festival de Berlim e no Festival de Toronto, 'Skin' (presente na programação do Festival do Rio) é dirigido pelo cineasta israelense Guy Nattiv. Vale lembrar que o longa é baseado no curta vencedor do Oscar esse ano, também de Nattiv.


Na trama Jamie Bell dá vida à Bryon Widner, um jovem que foi criado por skinheads notórios em uma comunidade de supremacia branca nos E.U.A . Depois de absorver muita maldade e cometer muitos crimes em nome da purificação da raça, ele decide  mudar de vez sua vida,  vira as costas para todo o ódio e a violência que foi ensinado, isso com a ajuda de um ativista de direitos negros.

O grande trunfo de 'Skin' está na brilhante roupagem que seu protagonista dá ao personagem desse neonazista que se arrepende da vida que levava. De aparência assustadora, com o corpo coberto de tatuagens, acompanhamos a transformação desse homem, desde eventos de impacto até intervenções mais leves. Jamie Bell (que apareceu recentemente em 'Rocketman') vive aqui o personagem mais denso de sua carreira em uma atuação tão incrível que as intenções desse personagem são exprimidas quase que sempre pelo olhar. Suas expressões vão mudando drasticamente à partir do momento que sua consciência, convergindo aos poucos do mal que causava para o bem que podia fazer:  tanto que mais tarde veio a se tornar não só opositor ao movimento como também um importante informante para desmantelar a organização. 

É louvável também a condução assertiva de Nattiv, principalmente por não dar vazão ao vício da violência gráfica  - recurso que poderia ser uma armadilha fácil para algum outro cineasta. A violência é muito mais insinuada e subentendida do que propriamente mostrada no longa. O destaque aqui é a  jornada de redenção de Widner, que muda a cara do filme em seu segundo ato, tornando-o muito mais coeso e envolvente. Esse homem confronta todos seus conflitos internos e as ameaças externas à sua transformação, mesmo com as circunstâncias ao redor tentando convencê-lo de que se um leopardo não pode remover suas manchas, ele também não conseguiria remover as suas (numa metáfora às suas tatuagens faciais). 'Skin' é um tanto óbvio em seu início, mas é a belíssima natureza da história e o tamanho da montanha que Widner teve de escalar, que finalmente transformam o filme em algo digno, cativante e inspirador. 

O longa ainda conta com nomes como Danielle Mcdonald e Vera Farmiga no elenco e pode ser que nem chegue ao circuito comercial por aqui. Então, aproveite o Festival do Rio e corra para a sala mais próxima.  


Super Vale Ver !



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