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PiTacO do PapO - 'Barretão' | 2019

NOTA 9.0

Por Rogério Machado


A história de Luiz Carlos Barreto, mais conhecido como Barretão, (já que é o patriarca de uma família que seguiu sua trilha) se confunde com a história do cinema nacional. Com uma extensa lista de filmes produzidos, entre eles os clássicos 'Vidas Secas' (1963) 'By Bye Brasil' (1979) e 'Dona Flor e Seus Dois Maridos' (1976), Barretão pode ser considerado uma espécie de patrimônio tombado do nossa arte, não só no cinema, mas na cultura como um todo. 


'Barretão' acaba selecionando as histórias de Luiz Carlos Barreto com os presidentes da República Federativa do Brasil, dando destaque a cinco delas. Vargas é lembrado por um fato da vida privada (dividiria uma amante com Assis Chateaubriand) e pela vida pública (“pagaria com a vida por ter criado a Petrobras”). JK é rememorado por uma reportagem realizada durante o exílio, condição a que foi obrigado pelo golpe militar de 1964.

Castelo Branco, o primeiro presidente do ciclo militar (1964-1984) foi evocado com humor. “Fui pautado” – conta Barreto – “para fotografar o marechal, que media 1,60m, ao lado do presidente francês, Charles De Gaulle, que media mais de dois metros. Fui impedido. Me retiraram com brutalidade, me jogando num canteiro no meio da Cinelândia”.

A história de Fernando Collor de Mello envolveu as filmagens de “Joana Francesa”, de Carlos Diegues, nos anos 1970. O filme, protagonizado pela atriz francesa Jeanne Moreau, foi realizado em Alagoas, com apoio de Arnon Collor de Mello, pai do futuro presidente. O político alagoano pediu à trupe que encaixasse o filho na produção do filme e ele passou a ser uma espécie de assistente de produção. Dias depois, a estrela disse que não permaneceria na produção se Collor ainda tivesse que trabalhar com ela, coube a Cacá Diegues demiti-lo. Quando então presidente, (coincidência ou não) uma das primeiras ações do recém empossado foi suprimir os recursos no audiovisual. Outro comentário bem humorado vindo de Barretão para Diegues: “Ta vendo... você foi demitir o cara! ”

O documentário de Marcelo Santiago (a quem Barretão trata como filho) é muito mais do que uma obra que exalta uma personalidade e seu legado, é acima de tudo uma homenagem ao cinema nacional em sua totalidade, desde o emblemático cinema novo até  retomada do cinema nacional com o advento da indicação de “O Quatrilho” ao Oscar na década de noventa. Luiz Carlos Barreto contribuiu não só com suas próprias mãos mas com a força de uma família inteira voltada ao sonho de difundir a cultura nesse país. Sua esposa Lucy Barreto, outra grande leoa na produção, junto com os filhos Bruno e Fábio Barreto (esse falecido em novembro passado) grandes diretores que também revolucionaram a arte de contar histórias na tela, são definidos em uma frase marcante dita por Sônia Braga: O Cinema Brasileiro se divide entre o antes e depois dos Barretos...

O doc está na Première Brasil: Hors Concours longa documentário no Festival do Rio e deve entrar em breve no circuito comercial.


Super Vale Ver !






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