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'Um Lindo Dia Na Vizinhança' | 2020

NOTA 7.0

American way of life

Por Sérgio Ghesti @meuhype


De Tom Junod, baseado em um artigo da revista Esquire de 1998, a trama se norteia em uma famosa entrevista que se transformou em uma intervenção positivista. Junod, no filme Lloyd Vogel (interpretado por Matthew Rhys), durante a matéria mudou não só sua visão em relação ao seu entrevistado como também o que pensava sobre o mundo, iniciando uma inspiradora amizade com Fred Rogers (Tom Hanks), um famoso apresentador de programa infantil. 

Com a aproximação, os papéis se invertem: Fred faz com que o jornalista se revele e traga à tona traumas pessoais potencializados pelo retorno do pai, Jerry (Chris Cooper), que se ausentou em um momento particularmente triste da sua jornada familiar. Há um interessante contraste entre a ambientação do programa  infantil de Fred (ingênuo, lúdico, com fantoches e cenário em miniatura) e o seu passado dramático. Essa interseção é de fácil assimilação dependendo do conhecimento do expectador sobre a figura de Rogers. 


Famoso nos EUA e pouco conhecido no Brasil, Fred Rogers era um pedagogo e artista norte-americano, ministro da Igreja Presbiteriana, que se notabilizou como apresentador televisivo, autor de letras para canções educativas e apresentador de programas de tv para crianças e jovens. Dessa forma, a incrível metáfora da diretora e roteirista Marielle Heller, com roteiro simplista, tem um certo brilho graças a representação do experiente Tom Hanks, em um trabalho excepcional, com textura e nuances; e diferente da linha de atuação dos seus últimos papéis de destaque , ('Sully - O Herói do Rio Hudson'- 2016 e 'Capitão Phillips' -2013), o Rodgers de Hanks é construído como base de apoio na história, e é nesse ponto onde ele  se torna coadjuvante e a produção perde um pouco a força. 

Hanks faz uma imitação física perfeita, e mesmo com as distrações visuais interessantes proporcionadas por Heller ('Poderia Me Perdoar', 2018), em sua totalidade não consegue que o filme seja pulsante. Os momentos de silêncio e vazio, juntamente com a falta de agilidade na edição, não fazem bem ao ritmo do filme. Fred Rogers tem um potencial enorme como figura ilustre e conseguiu ser referência em sua determinação positiva em busca da empatia. O filme mostra isso de maneira burguesa se afastando de uma realidade global, e em muitos momentos entregando algo plástico, fantasioso e bastante íntimo e pessoal do personagem. 

A vida é bem mais complexa do que apresentada no filme, porém sua lição sobre respeito e empatia é primordial, principalmente nos tempos atuais onde as pessoas buscam a guerra e o desconforto, sendo assim, qualquer mensagem de paz se faz necessária. No geral, faltou um gás ou quem sabe um senso de urgência para que o longa engrenasse por completo.

Vale Ver !




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