Dica Telecine: 'Noivo Neurótico, Noiva Nervosa' | 1977
Por Rogério Machado
Essa é a minha visão atual dos relacionamentos: São totalmente irracionais, loucos e absurdos, mas insistimos neles pois a maioria de nós precisa disso....
Quando assistimos as obras antigas de Woody Allen, ficamos mais seguros em afirmar como o cineasta ao longo dos anos foi perdendo seu frescor. Pelo menos a tirar pelas últimas produções, notamos um recuo na habilidade de abordar relacionamentos, tema recorrente em suas obras. Allen também sempre se inseriu nas histórias que contava, seja como narrador , como um personagem principal ou mesmo numa rápida aparição. Dos filmes mais clássicos em que foi protagonista, destaco 'Noivo Neurótico, Noiva Nervosa', em que ele divide cena com Diane Ketaton, a 'Annie Hall' do título original.
Na história Woody Allen é Alvy Singer, um humorista judeu e divorciado que faz análise há quinze anos, e que acaba se apaixonando por Annie Hall (Keaton), uma cantora em início de carreira com uma cabeça um tanto quanto complicada. Em um curto espaço de tempo eles estão morando juntos, mas depois de um certo período, crises conjugais começam a ser uma constante entre o casal.
O recorte da construção desse relacionamento nas mãos criativas de Allen, ganha contornos que vão do cômico ao dramático, com diálogos cortantes e inteligentes. A análise do cotidiano desse casal se dá com tamanha inventividade que ao mesmo tempo que nos arranca gargalhados nos redireciona ao pensamento: o tempo todo nos deparamos com sequências que se não vivemos ainda, possivelmente ainda vamos vivenciar em alguma relação, seja amorosa ou de qualquer outra natureza. Destaco a cena em que, ainda no primeiro encontro, tentam se impressionar enquanto desdenham (em off) um do outro. 'Noivo Neurótico, Noiva Nervosa' é uma deliciosa crônica sobre como individualidades dentro de um relacionamento são difíceis de serem respeitadas e que o dia a dia de um casal , por si só, já é uma piada pronta.
Esta é talvez uma de suas obras mais emblemáticas, e também a mais premiada: em 1978 ganhou Oscar de Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original, além de várias outras estatuetas mundo afora. Foi aqui que o mundo parou para prestar atenção nos diálogos de Allen, um cineasta e roteirista sempre muito habilidoso com o texto. Ainda não assistiu a esse clássico? Então, apresse-se!
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